Sertanejos fazem rodas de conversa sobre Canal do Sertão e Unidade de Conservação

Moradores de povoados do alto sertão alagoano participam de debates com técnicos para esclarecer dúvidas sobre as transformações no uso dos recursos naturais da região

28/03/2012 08:58

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IMA

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Os moradores do entorno do Canal do Sertão e do recém criado Refúgio da Vida Silvestre (RVS) dos Morros do Caraunã e do Padre, em Água Branca, preocupadas com possíveis mudanças no modo de vida local, puderam tirar algumas dúvidas com os técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e convidados. As maiores preocupações se voltam para os limites de uso dos recursos naturais e circulação de pessoas e animais.

Os técnicos do IMA organizaram as rodas de conversas nos povoados Tingui e Alto dos Coelhos, município de Água Branca, nos dias 22 e 23. Durante duas noites, mais de 150 pessoas, entre moradores e representantes das prefeituras daquele município e de Delmiro Gouveia, saíram às praças para ouvir as explicações, assistir às reportagens feitas na região, perguntar e falar das apreensões que têm sentido.

IMAUma das dúvidas recorrentes e que causam insatisfação em determinados moradores, é a instalação das passagens destinadas à circulação de pessoas no trecho em obras do Canal do Sertão. “Todas as passagens são definidas junto com a comunidade, se a decisão técnica não atender a necessidade da comunidade, ela tem que ser modificada”, disse Ricardo Aragão, ex-coordenador do projeto.

“Temos uma preocupação também com a passagem da margem direita para a esquerda, porque lá é onde se tirava uma estaca, onde botava os animais nos períodos mais secos. Da forma como está é impossível porque é muito alto. É importante haver essas conversas com a comunidade para que não haja prejuízo”, argumentou Paulo de Oliveira.

IMAAragão pediu aos engenheiros responsáveis pela obra para fazer uma apresentação do projeto do Canal, esclarecer dúvidas e ajustar o que for necessário. “Não é conversa fiada, é uma diretriz, as passagens são definidas pela comunidade. Entretanto, temos que lembrar que essa é a maior obra do estado, uma das mais importantes do PAC [Plano de Aceleração do Crescimento], então é preciso ter algumas regras estabelecidas por questão de segurança”, explicou.

Ele comentou ainda que no Canal deve passar 32m³/s de água e isso o torna “o maior rio de Alagoas”. Dessa maneira, um dos focos para o desenvolvimento da região, com o incremento da economia, é a criação do que está sendo chamado de Perímetro Irrigado de Pariconha, que será formado entre os municípios de Pariconha, Delmiro Gouveia e Água Branca.

Sobre a retirada de madeira, manejo e criação de animais na área do RVS, Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA, explicou que “será elaborado um Plano de Manejo, com a participação da população, que deverá delimitar e disciplinar o uso dos recursos naturais”. Isso porque, o RVS é uma forma de Unidade de Conservação que permite a presença de pessoas e o aproveitamento sócio-eonômico da área, desde que seja observado o que prevê a legislação.
 

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