O bioma caatinga e os moradores do sertão alagoano ganharam mais um aliado para atrair o desenvolvimento e ao mesmo tempo conservar fauna e flora. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) tem realizado atividades para estimular a participação popular, como durante a semana da água, quando a região foi priorizada com palestras, jogos educativos, oficinas e debates.

Durante três dias de atividades, de 22 a 24 de março, as ações do IMA ficaram centradas nos povoados Tingui e Alto dos Coelhos, no município de Água Branca. Além de bonita, a área assiste significativas transformações: as obras do Canal do Sertão e o recém criado Refúgio da Vida Silvestre (RVS) dos Morros do Caraunã e do Padre.

“Coordenadores, professores e moradores precisam despertar e mostrar, principalmente para as crianças, a importância da nossa região. Às vezes não temos recursos em sala de aula e nos acomodamos, mas podemos usar o que realmente temos, o que a natureza nos oferece”, disse Severina Margarida, professora da Escola Municipal Alice Santos de Oliveira, a única do povoado Alto dos Coelhos.

Ela conta ainda que mora no município de Delmiro Gouveia, mas escolheu o povoado para ensinar. A Escola atende da pré-escola ao sétimo ano, são crianças e adolescentes de cinco a 15 anos que se reúnem em classes normais ou multisseriadas. “A presença do IMA modifica nossa rotina, é importante porque estimula que a gente também conheça melhor nosso bioma”, conta Severina.

Enquanto as crianças eram envolvidas nos jogos educativos e assistiam a exposição de animais e objetos apreendidos pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), duas equipes de técnicos percorriam a área de Canal do Sertão - vistoriando a área desmatada e a destinação dos rejeitos, e as comunidades do entorno para verificar a utilização do solo e da flora na área de amortecimento do RVS. À noite a população participou de oficina para produção de sabão com óleo usado em frituras, além de rodas de conversas nas praças dos povoados, quando puderam perguntar e esclarecer dúvidas.

“Nesse momento nossa maior preocupação é mostrar à população local que é possível tirar grande proveito das mudanças. É possível utilizar os atrativos naturais e a história para fazer rotas de turismo ecológico, atrair mais pesquisadores para estudar a incidência de espécimes na fauna e flora, entre tantos outros aspectos que podem ser aproveitados”, disse Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA, sobre a preocupação dos moradores acerca dos cuidados que deverão ser tomados com a Unidade de Conservação recém criada.