Tráfico de drogas é o principal motivo para a maioria dos homicídios entre jovens em Maceió

A maioria dos crimes de homicídio entre jovens de 15 a 29 anos são motivados pelo envolvimento com o tráfico de drogas

23/03/2012 13:10

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Fran Ribeiro

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Apontado pelo levantamento elaborado pelo Ministério da Justiça em 2011 como o primeiro no ranking de homicídios de jovens entre 15 a 29 anos do sexo masculino, Alagoas vê essa estatística aumentar a cada dia. Só essa semana - de segunda a quinta-feira – o Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió, registrou a entrada de mais de 15 corpos que se encaixam nas descrições da estatística.

A maioria desses homicídios, de acordo com as informações da delegada titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Scheila Carvalho, está diretamente ligada ao envolvimento cada vez mais cedo de jovens com o tráfico de drogas. Depois da chegada do crack no Estado, o número de assassinatos aumentou preocupantemente.

“Na maior parte dos casos, esses jovens tem algum tipo de envolvimento com o tráfico. No levantamento preliminar que é feito pelos policiais que atendem a as ocorrências com as famílias das vítimas, é constatado um grau de envolvimento, seja de usuário à de comercialização”, esclareceu Carvalho.

Atendendo a população dos bairros que abrangem o 2º, 8º e 10º distritos, a Delegacia de Homicídios confirma ainda uma disparidade já apontado pelo especialista em Direitos Humanos, Pedro Montenegro ao Primeira Edição. Maceió é a capital onde mais se mata jovens negros do país, porém, é a segunda capital mais segura para jovens brancos na mesma faixa etária.

E segundo a delegada, o registro de crimes envolvendo jovens nos bairros periféricos é superior a incidência em bairros considerados nobres. “O 2º Distrito abrange bairros da parte baixa da capital. Da Jatiúca ao Poço, passando pelo conjunto Santo Eduardo. Nesse distrito os registros de homicídio entre jovens são menores do que os registrados na parte alta da capital, área de atuação do 8º Distrito (Complexo do Benedito Bentes) e do 10º (Tabuleiro e conjuntos adjacentes).”

A periferia que sofre com a superpopulação dos bairros e com a falta de políticas públicas para evitar o acesso desses jovens ao tráfico e a criminalidade. “São áreas que faltam políticas públicas de educação, de saúde e oportunidade de emprego”, opinou a delegada. Em entrevista ao Primeira Edição no início do mês, o consultor em segurança e um dos apresentadores do programa “Segurança em Debate”, Eduardo Lucena, apontou que os índices negativos em Alagoas não se restringem apenas à taxa de violência.

“Os índices no Estado são preocupantes não só na segurança. Falta planejamento também na Educação, na Saúde. Um programa de ‘escola em tempo integral’ poderia solucionar muitos desses problemas. As crianças ficariam na escola durante o dia. Isso afastaria muitos do contato com as drogas”, explicou Lucena.

Em contrapartida ao cenário devastador, o Governo Federal esteve em Alagoas no mês de fevereiro para divulgar a campanha “Crack, é possível vencer!”. A comitiva interministerial, composta por representantes dos Ministérios da Justiça, Saúde, Assistência Social, estiveram reunidos com o Governo de Alagoas para a elaboração de um plano de prevenção ao tráfico e a incidência do crack.

“É um problema que o Governo está preocupado. Estivemos junto ao Ministério da Justiça, que veio a Alagoas para ajudar na solução desse problema. No plano de enfrentamento trabalha com a conscientização dos jovens, da família e trabalhos na escola”, revelou Scheila Carvalho.

Ainda de acordo com a delegada, o programa visa à prevenção como forma de repressão ao uso e ao tráfico, diminuindo assim a participação de jovens na criminalidade.
 

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