Financiamento à economia verde opõe países na Rio +20, diz ONU

20/03/2012 07:50

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Folha Online

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O secretário-geral da Conferência das Naçôes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), Sha Zukang, afirmou que os países que participarão da reunião no Rio de Janeiro, em junho, concordam que a criação de uma agenda social é necessária para garantir desenvolvimento e proteção ao ambiente.

Zukang disse, entretanto, que o financiamento das ações gera dúvidas.

"Quem deve arcar com os custos de se avançar em direção a uma economia verde?", questionou, ao citar uma das principais questões levantadas pelas delegações.

Outras dúvidas, segundo ele, são as condições em que haverá transferência de tecnologia para a promoção de desenvolvimento.

O diplomata discursou nesta terça-feira, na ONU, ao iniciar a primeira rodada de negociações informais sobre o Rascunho Zero, documento que guiará a conferência, a ser realizada 20 anos após a Eco-92.

Desde as reuniões em janeiro houve avanços, disse. Entre eles, apontou o reconhecimento de que a economia verde deve ter padrões sociais inclusivos.

O diplomata também afirmou que há consenso sobre o desejo de evitar protecionismo e sobre o respeito a diferentes níveis de desenvolvimento e prioridades entre os países.

Pediu aos países esforço para resolver as divergências. "Vamos lembrar que Rio +20 é uma conferência de implementação. Portanto, o resultado deve fornecer um quadro de ação ousado e radical. Devemos fechar lacunas", disse o diplomata, ao abrir o encontro.

EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

Em debate promovido hoje pelo Brasil na ONU, Rômulo Paes de Sousa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apresentou iniciativas brasileiras que conjugam garantia de renda, acesso a serviços públicos e proteção ao ambiente (conhecidos como três pilares do desenvolvimento sustentável).

Entre as iniciativas, citou o Bolsa Verde, que remunera famílias pela conservação da floresta amazônica. Esse é um dos programas que integram o Brasil sem Miséria.

"A pobreza é um obstáculo para ter uma política de preservação ambiental bem-sucedida. Um contexto de extrema pobreza acaba levando populações a desmatar ou fazer usos menos racionais do ambiente", destacou Sousa.

O secretário afirmou que as propostas de inclusão foram bem-recebidas pelas organizações e delegações que participaram do encontro, mas também destacou que os países receiam sobre a fonte de recursos para as iniciativas.

Os debates preparatórios para a Rio+20 continuarão, em Nova York, nesta e na próxima semana.

Primeira Edição © 2011