Mulheres vítimas de câncer fazem cirurgias de reconstrução mamária

14/03/2012 08:58

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Divulgação

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Desde 2007, após passar por uma cirurgia de mastectomia, Maria Madalena Melo Matos, sempre sonhou em ter acesso à reconstrução mamária, mas a aposentada esbarrava sempre na falta de recursos até que conseguiu realizar o procedimento cirúrgico gratuitamente. A operação aconteceu no dia 5 deste mês, quando foi realizado em Alagoas, o Mutirão de Reconstrução Mamária pela Sociedade Alagoana de Cirurgia Plástica, uma parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

Ao tomar conhecimento do mutirão, Maria Madalena Matos foi a primeira a comparecer ao Hospital do Açúcar para participar da triagem com o cirurgião Lourival César. “Durante anos pensei em fazer a cirurgia, mas não tinha recursos. Quando soube da possibilidade de cirurgia gratuita, fui a primeira a chegar ao hospital”, disse.

Após nove dias do processo cirúrgico, a aposentada diz que, a partir de agora, poderá fazer atividades, antes evitadas com receio de as pessoas perceberem que ela usava prótese. “Até mesmo um abraço recusei muitas vezes. Além disso, desisti de fazer hidroginástica, atividade que fui orientada a fazer por recomendação médica”, lembra Maria Madalena.
Com a autoestima elevada e fazendo planos para o futuro, a beneficiada com o mutirão enumerou o que poderá voltar a fazer a partir de agora: “usar roupas decotadas, se exercitar e abraçar as pessoas sem receio”, detalhou.

A alegria de Maria Madalena é a mesma de mais 17 alagoanas que foram beneficiadas durante o mutirão. O número de vagas ofertadas foi de 20 cirurgias, mas duas mulheres desistiram, conforme explicou o cirurgião Lourival César de Oliveira, presidente da Sociedade Alagoana de Cirurgia Plástica.

As cirurgias foram realizadas na Santa Casa de Misericórdia de Maceió (7), Hospital do Açúcar (7) e Sanatório (2). As 20 selecionadas passaram por uma triagem com base na avaliação de exames. As que tiveram resultado positivo, foram escolhidas para se submeterem a reconstrunção mamária. De acordo com Lourival César, por ano, 150 mulheres são mastectomizadas e muitas não conseguem ter acesso à cirurgia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Toledo, assegurou que pretende viabilizar um programa, por meio do SUS, voltado para o atendimento dessas pacientes. Dessa forma, a cirurgia poderá se transformar numa realidade para centenas de mulheres mastectomizadas, que não possuem recursos para se submeterem ao procedimento cirúrgico pela rede privada de saúde.

Segundo a diretora de Atenção Especializada e Programas Estratégicos da Sesau, Lisiane Torres, a iniciativa foi positiva. “O procedimento de reconstrução mamária é de extrema importância e deve ser assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todas as mulheres mastectomizadas e não mediremos esforços para garantir o aceso a este tipo de cirurgia tão sonhada e importante na recuperação da autoestima das mulheres que foram vítimas de câncer de mama”, destacou.

 Mutirão – Realizado no país pela primeira vez, o Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária foi coordenado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que definiu a quantidade de vagas para cirurgia em cada estado junto às secretarias estaduais de Saúde. A iniciativa foi resultado de uma ação promovida em Brasília no início de 2011.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima para 2012 o surgimento de 52.680 novos casos de câncer de mama no país, que causa grande apreensão na população feminina, não só pela alta incidência e número de mortes, mas, especialmente, pelos efeitos psicológicos que causam à autoestima da mulher.

Primeira Edição © 2011