Renan, João Lyra e a sucessão em Maceió

13/03/2012 13:25

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Redação

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Com a experiência de quem disputou sucessivas eleições, vencendo a maioria delas, o senador Renan Calheiros sabe que a sucessão do prefeito Cícero Almeida será decidida, inevitavelmente, numa batalha de segundo turno.
Será um pleito de inúmeros candidatos, vários deles com capital político próprio, o que significa dizer que, com o fracionamento do eleitorado, nenhum postulante deverá obter votação suficiente para liquidar a fatura já no primeiro turno.
Consciente disso, o líder do PMDB buscará, naturalmente, formar um grupo coeso e mais amplo possível, mas sem a obsessiva preocupação de evitar concorrências, parta de quem partir.
Renan entende que a disputa plural é legítima e democrática, sobretudo num cenário em que nomes consideráveis – como os do ex-governador Ronaldo Lessa, do deputado federal João Lyra, do secretário Mosart Amaral – estão postos para análise dentro de um processo em que a multiplicidade de possíveis postulantes não constitui tendência exclusiva do bloco oposicionista.
Contido, até agora, em relação ao embate eleitoral iminente, o senador peemedebista apenas faz, aqui e ali, avaliações pessoais que, não por coincidência, convergem para o que ensina qualquer manual político: quanto menos dividida, mais forte marchará a oposição. Um conceito, como se nota, absolutamente racional e sem nenhum traço de lógica excludente.
O deputado João Lyra, ao seu turno, poderá até lançar-se candidato, mas não é, seguramente, o que recomenda o quadro eleitoral em formação. Mormente sabendo, como bem sabe o líder empresarial, que não se disputa eleição majoritária sem aliança múltipla, sem conjugação de forças, por mais consistente que pareça o poder da individualidade.
Dentro dessa análise, por outro lado, seria ingênuo supor que, movido pela empolgação própria de principiantes, entendesse JL de entrar numa campanha eleitoral árdua e desgastante, deixando de lado seus compromissos com o mandato legislativo em curso, apenas – e somente apenas – para cumprir orientação ditada pela cúpula nacional de um partido ainda em gestação.
Renan entende que ainda é cedo, não para discutir o processo eleitoral em si, não para avaliar estratégias de ação em nome do conjunto oposicionista, mas para definir nomes. E tem motivos para afirmar que o momento não é propício para precipitar candidaturas, mesmo considerando que vários nomes estão em cogitação, ocupando espaços na mídia, mobilizando a opinião pública, como já atestam, em sondagens preliminares, as pesquisas de intenção de voto.
Nessa linha de análise infere-se, entretanto, que a posição do senador, contrária a qualquer tipo de açodamento, não invalida ou embaça uma percepção cada vez mais consensual nos setores de oposição: a de que uma chapa liderada pelo ex-governador Ronaldo Lessa poderia representar o caminho mais curto e menos árduo para se atingir o sucesso eleitoral nas urnas de outubro.
Não por coincidência, idêntica percepção domina os setores governistas, cada vez mais convergentes para a união de forças em torno do nome do jovem deputado federal Rui Palmeira, muito embora, também nas hostes da situação, se pregue a liberdade – mas não a conveniência – de múltiplas candidaturas.
De mais a mais, não seria ocioso assinalar – parafraseando uma máxima cultuada nos Pampas – que o bom político, assim como o bom cavaleiro, não perde a ocasião de montar, se o cavalo passa selado. Para JL, então cheio de determinação e gana de assumir os destinos da capital alagoana, o cavalo eleitoral desfilou com vistosa sela há exatos oito anos, e não foi, como se sabe, o vitorioso industrial que lhe tomou as rédeas.
Cumpre aqui ressaltar ainda, por oportuno, o fato de que, como conseqüência do processo sucessório de 2010 – e apesar das rupturas resultantes de 2006 – João Lyra e Renan Calheiros se deixaram reaproximar por uma força gravitacional muito mais poderosa do que suas pontuais diferenças políticas, portanto, uma força determinada pela reciprocidade de interesses. E nada sugere que algo novo esteja conspirando para distanciá-los mais uma vez.

Primeira Edição © 2011