Entre os condenados estão contraventores, policiais civis e federais e empresários.
Folha
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A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal no Rio, condenou 24 pessoas por envolvimento com a máfia do jogo no Rio. A decisão, de ontem (12), é resultado da chamada operação Hurricane, desencadeada em 2007. Os mandados de prisão estão sendo cumpridos hoje com uma operação da Polícia Federal -- oito já foram presos.
Entre os condenados estão contraventores, policiais civis e federais e empresários.
De acordo com a juíza, "a corrupção de um magistrado, como já se viu, configura intolerável atentado ao Estado de Direito, porque afeta um de seus pilares, qual seja, a existência de um Judiciário forte e independente. O suborno de um juiz inaugura uma situação de desigualdade e insegurança entre os cidadãos, a quem se passa a percepção de desproteção e odioso privilégio conferido apenas àqueles que podem pagar pela proteção judicial comprada. Fragiliza não só o Judiciário e sua imagem, mas a própria democracia e os direitos e garantias individuais, cujos garantes finais são os juízes probos e infensos a pressões políticas ou econômicas de qualquer espécie. Por fim, considero ainda relevante a especial sofisticação da forma de agir da quadrilha chefiada pelo acusado".
A juíza determinou que 10 dos 24 condenados fossem presos imediatamente por sua alta periculosidade. Antonio Petrus Kalil, o Turcão, que está doente, deve cumprir prisão domiciliar.
Além dele, a juíza determinou a prisão de Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor, Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, José Renato Granado, Nagib Suaid, Julio Guimarães, sobrinho do Capitão, João Oliveira de Farias, Marcelo Kalil, o policial civil Marcos Antonio dos Santos Bretas e Jaime Garcia Dias.
Ainda foram condenados dois delegados federais, um delegado federal aposentado e um policial civil.
Durante o processo, todos os condenados negaram as acusações.
O juiz federal José Eduardo Carreira Alvim, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região e o ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Oliveira Medina, também investigados na Hurricane e acusados de corrupção, tiveram o processo desmembrado.
VEJA ALGUNS DOS CONDENADOS E SUA PARTICIPAÇÃO,
SEGUNDO A INVESTIGAÇÃO:
Ailton Guimarães Jorge, Antonio Petrus Kalil e Aniz Abraão David: apontados como os líderes da máfia do jogo no Rio --todos já tem mais de 70 anos
Pena: 48 anos de reclusão
Nagib Teixeira Suaid: homem de confiança de Aniz Abrão David que operava os escritórios da quadrilha
Pena: 16 anos e 2 meses de reclusão
Marcelo Calil Petrus: filho de Antonio Kalil, o Turcão, foi o escolhido para suceder o pai na organização
Pena: 2 anos e 10 meses de reclusão
Julio César Sobreira: sobrinho do Capitão Guimarães e escolhido para sucedê-lo, é dono de bingos, pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis. Chefiava o escritório destinado para o pagamento de propina a policiais
Pena: 18 anos de reclusão
João Oliveira de Farias: homem de confiança do Capitão Guimarães, também era dono de caça-níqueis e pontos de bicho
Pena: 2 anos e 10 meses de reclusão
Carlos Pereira da Silva: delegado federal
Pena: 10 anos, 6 meses
Susie Pinheiro Dias de Mattos: delegada federal, mulher de Luiz Paulo
Pena: 9 anos e 4 meses de reclusão
Francisco Martins da Silva: agente administrativo da Polícia Federal
Pena: 5 anos e 10 meses de reclusão
Marcos Antonio dos Santos Bretas: policial civil
Pena: 18 anos e 10 meses de reclusão
José Renato Granado Ferreira: integrante do segundo escalão da quadrilha era ligado a Anísio e cuidava da expansão dos negócios do grupo
Pena: 40 anos de reclusão
Paulo Roberto Lino: apontado como responsável pela captação de recursos nos bingos destinados à corrupção
Pena: 40 anos de reclusão
Belmiro Martins Ferreira: sócio de uma das maiores empresas de máquinas de videobingo no Rio
Pena: 40 anos de reclusão
Licínio Soares Bastos: dono de bingos, era cônsul honorário de Portugal no Brasil
Pena: 40 anos
Laurentino Freire dos Santos: dono de bingos em nome de laranjas, participava das decisões do grupo
Pena: 40 anos de reclusão
José Luiz da Costa Rebello: funcionário de Licínio e Laurentino, ele operacionaliza as ações da quadrilha
Pena: 14 anos de reclusão
Ana Cláudia Rodrigues do Espírito Santo: captava os recursos nos bingos para o pagamento de propina
Pena: 8 anos de reclusão
Jaime Garcia Dias: fazia os contatos com magistrados para corrupção
Pena: 28 anos e 10 meses de reclusão
Evandro da Fonseca: auxiliar de Jaime
Pena: 22 anos e 4 meses de reclusão
Virgílio de Oliveira Medina : advogado e irmão do ex-ministro do STJ
Pena: 13 anos e 4 meses de reclusão
Silvério Nery Cabral Júnior: empresário
Pena: 14 anos de reclusão
Primeira Edição © 2011