É preocupante número de crianças envolvidas com drogas em Alagoas

Conselho tutelar recebe mais de 20 denúncias por mês somente na região do Centro de Maceió

12/03/2012 08:34

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Marigleide Moura

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O problema das drogas em Alagoas está longe de ser resolvido. Apesar de todo o esforço do Governo do Estado para implantar políticas públicas antidrogas, a cada dia cresce o número de usuários e dependentes químicos no Estado. E o que é pior: este problema tem envolvido cada vez mais as crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Somente na área do Centro ao Pontal da Barra, em Maceió, o conselho tutelar recebe, em média, cerca de 20 casos por mês de crianças envolvidas com drogas. A informação foi passada ao Primeira Edição pela conselheira tutelar Izaella Carvalho. Ela atua há dois anos na região e confessou que não para de se surpreender com o agravamento da situação das drogas na capital.

“É sempre um choque ver uma criança de 12 anos, e muitas vezes até com menos idade, envolvido no mundo das drogas”, disse a conselheira acrescentando que se for avaliar a situação dos adolescentes o número é ainda mais alto.

Os casos recentes da morte de duas crianças em União dos Palmares suscitaram o debate sobre o envolvimento cada vez mais cedo de menores com as drogas. De acordo com investigações preliminares da polícia, as vítimas e os acusados estariam ligados com o uso de entorpecentes.

Os acusados pelos assassinatos são dois adolescentes. Eles foram apreendidos pela polícia na semana passada e confessaram o crime. Os menores: J.S.S, 18 anos, e o L.T.C.M,14 anos , foram reconhecidos por testemunhas na delegacia.

Os crimes foram bárbaros. Na sexta-feira, 02, Elisvaldo Rocha Mendonça, 10 anos, foi assassinado no Centro de União dos Palmares. O menino foi morto com tiros na cabeça e a pedradas. O corpo do garoto estava com um pedaço da orelha decepada.

Na semana seguinte, dia 07, Elivaldo Rocha, 10 anos, foi encontrado por moradores em um banheiro de um prédio abandonado que fica próximo ao terminal rodoviário da cidade. Edson teve sua cabeça esmagada a pedradas.

Para a psicóloga Rossane Toledo, nesses casos que ocorreram em União dos Palmares, parece que a vulnerabilidade social dos garotos pode ter levado os garotos a cometer os delitos.

Rossane explica que a falta de políticas públicas, o abandono da escola e a falta de orientação da família também devem ser considerados. De acordo com ela, crianças sem assistência ficam vulneráveis ao crime, ao uso de drogas e outros tipos de violência.

“Infelizmente, a questão social também está relacionada ao problema”, opina a psicóloga.
Ela lembra que, comumente, crianças são usadas como “aviõezinhos do tráfico”, que são menores que levam recados e pequenas quantidades de drogas de um local para o outro. Geralmente, vítimas de traficantes que tentam escapar da polícia.

DivulgaçãoPara ajudar na recuperação dos dependentes, a Superintendência de Políticas Sobre Drogas da Secretaria de Estado de Promoção da Paz (Sepaz), tenta instruir e conscientizar a população alagoana quanto ao uso das drogas e todos os males causados por ela.

Por meio do Programa Acolhe Alagoas, a Superintendência trata dependentes químicos através dos trabalhos desenvolvidos em casas de acolhimento e presta apoio as suas famílias. Desde o lançamento já foram atendidos cerca de 10 mil pessoas. São aproximadamente 30 atendimentos por dia de pessoas a partir dos 12 anos de idade.

Contudo, segundo a assessoria de comunicação da Sepaz, para os menores de 12 anos, o Estado oferece somente auxilio preventivo por meio de um programa nas escolas chamado de Educação para Paz. A proposta é orientar as crianças a não usar drogas e incentivar uma política de paz entre os estudantes.
 

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