Presidente afegão diz que morte de civis é ‘imperdoável’

Soldado americano abre fogo e mata 15 civis em Kandahar

11/03/2012 12:02

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O Globo

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O presidente afegão, Hamid Karzai, condenou a morte de 15 afegãos, assassinados por um soldado americano na província de Kandahar neste domingo. Karzai disse que o episódio é “imperdoável” e exegiu explicações da Otan e dos EUA. Mais cedo, o governo americano lamentou o incidente e alertou para possíveis retaliações contra seus cidadãos no Afeganistão.

“O governo condenou reiteradamente operações realizadas em nome da guerra contra o terror, que causam perdas civis. Mas, quando afegãos são mortos deliberadamente por forças americanas, trata-se de um assassinato e de uma ação imperdoável”, afirmou o presidente afegão em um comunicado.

Um soldado americano abriu fogo contra civis nesta madrugada. Segundo moradores do bairro rural de Panjway, palco do tiroteio, o militar atirou em várias casas perto de uma base americana no local. Ao menos 15 pessoas morreram, incluindo três mulheres e nove crianças. O atirador foi detido em uma base da Otan, e o Exército americano investiga a causa do incidente. Segundo a BBC, o soldado teria sofrido uma crise nervosa, mas Karzai classificou a matança como “intencional”.

— Este é um incidente profundamente lamentável, e nós estendemos nossos pensamentos a todas as família envolvidas — disse o governador de Kandahar, Tooryalai Weesa.
O incidente aumentou o medo de retaliações contra americanos no país. O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse estar “profundamente triste” e garantiu que vai monitorar de “perto” o caso. O episódio acontece em meio à escalada do sentimento antiamericano no país. Além disso, a Casa Branca e o Pentágono buscam negociar com Cabul a retirada das tropas da Otan até 2014 para evitar que o país mergulhe em uma crise política após a saída americana.

Segundo fontes, o atirador deixou a base militar por volta das 3h da madrugada e teria entrado e disparado contra três casas. Ele teria sido detido enquanto voltava para o quartel. A Otan disse que vai abrir uma investigação sobre o caso em colaboração com autoridades afegãs.

Problemas com civis têm sido motivo de grandes desentendimentos entre o governo de Cabul e a coalização liderada pelos EUA e a Otan no país. No mês passado, afegãos se rebelaram depois que soldados da Otan queimaram cópias do Alcorão. Trinta pessoas e seis soldados americanos morreram nos protestos. Kandahar, além disso, é um dos maiores redutos talibãs do Afeganistão.
 

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