Acompanhamos a versão paulistana do World Naked Bike Ride, que reuniu cerca de 400 participantes
iG
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Pela quinto ano consecutivo, ciclistas saíram em uma noite de sábado em São Paulo para um pedal festivo, que se repete em vários países do mundo. É o World Naked Bike Ride, que pretende protestar, por meio da nudez, contra a agressividade no trânsito e por um trânsito mais humano. Ciclistas de Florianópolis também organizaram a versão local do pedal.
Durante a tarde, grupos se reuniram para pintar mensagens no corpo e fazer máscaras. O risco de morrer no trânsito é sério, mas as mensagens são bem humoradas. "Você não gosta de mim mas sua filha gosta. Não me mate", ou "Vai tomar busão" se misturavam a pinturas de rodas de bicicleta, flores e reproduções de placas de trânsito sobre a pele. No fim da tarde, o clima era de apreensão com a chuva pesada, que poderia atrapalhar o pedal. "O céu vai abrir às 18h30, fiquem tranquilos", disse um dos participantes, professor, durante a concentração. A previsão estava certa: o tempo firmou.
Por volta de 20h, cerca de 400 ciclistas saíram da Praça do Ciclista, no cruzamento da Avenida Paulista com a Consolação. O lema da Pedalada Pelada é "as bare as you dare". Em português, tão nu quanto ousar. Os centrímetros de pele exposta superaram de longe os outros anos: saem tops e shorts e entram biquínis, sungas e muita gente nua em pelo mesmo, com não mais do que uma pintura na pele.
Entre as mensagens na pele ou em cartazes, "Agora você me viu?", "Mais amor e menos motor" ou "Kassab, sai do helicóptero", uma crítica ao meio de transporte que o prefeito da cidade usa para driblar os congestionamentos. Na massa, professores, estudantes, programadores, analistas, advogados, arquitetos e publicitários, de todas as faixas etárias, gritando "Eu nasci pelado" para quem estivesse vendo da janela do carro ou da calçada.
O transeunte desavisado certamente se espantou com as centenas de ciclistas, que por minutos, ocuparam a rua na frente de bares e restaurantes. As reações variaram dos olhares de espanto e curiosidade a incentivos como os gritos de "tira, tira" e buzinaços de motoristas sorridentes. Inevitavelmente, os celulares são sacados para registrar a passeata de pelados.
O trajeto levou gente pelada a cerca de 25 quilômetros por bairros como Jardins, Vila Madalena, Jardim Paulistano e Pinheiros. Na Vila Madalena, no cruzamento das ruas Mourato Coelho e Aspicuelta, os ciclistas fizeram um die-in, deitando no chão ao lado das bikes tombadas. Foi uma homenageam à bióloga Juliana Dias, 33 anos, morta em um acidente na avenida Paulista na última sexta-feira, 2 de marços.
Primeira Edição © 2011