As autoridades italianas agiram rapidamente, e já na segunda-feira, um dia após Juan receber ofensas racistas da torcida da Lazio, o clube foi multado em 20 mil (R$ 46 mil). Mas o zagueiro da Roma achou a punição branda demais e nesta entrevista ao Jornal da Tarde pede maior rigor no combate aos torcedores racistas. Para ele, a impunidade favorece a ação dos vândalos e é uma “vergonha para a Itália ter gente desse tipo frequentando seus estádios.”

O que você achou da multa de 20 mil que a Lazio tomou por causa das ofensas racistas dos seus torcedores contra você?

Acho que poderia ser mais pesada. Tinha de ser algo que afetasse diretamente o torcedor. Não foram todos que me atacaram, mas muitos foram coniventes com a situação. As autoridades não podem mais tolerar isso. É uma vergonha para a Itália ter gente desse tipo frequentando seus estádios. Não é a primeira vez que a torcida da Lazio comete racismo. Chegou a hora de dar um basta nisso.

No clássico do último domingo as duas equipes entraram em campo com camisas de campanha antirracista e, mesmo assim, parte da torcida da Lazio o ofendeu. Acha que é preciso uma ação mais enérgica das autoridades com relação a esse problema?

Claro que é. Se na primeira vez que aconteceu a punição fosse pesada, duvido que esse tipo de ato se repetiria. A impunidade ajuda a gerar atitudes como aquelas. Eles sempre investem pesado em campanhas antirracismo, mas na hora que acontece o problema o empenho para coibir não é o mesmo.

Você já disse que durante o período em que está jogando na Itália nunca teve problemas com torcedores racistas, mas fora dos gramados já recebeu algum tipo de ofensa? Como é o seu relacionamento com os torcedores e jogadores italianos?

Nunca tinha passado por nenhuma situação semelhante. Todos os jogadores, inclusive os da Lazio, ficaram com vergonha pelo que houve. Não se trata da maioria. Os que cometem atos como esse são pessoas medíocres que têm a mente pequena ao não perceber que somos todos iguais, que o mesmo sangue que corre em minhas veias corre nas deles também.

Na última janela de transferências, o seu nome foi cotado em alguns clubes do Brasil, como Corinthians e Flamengo. Episódios como o de domingo podem acelerar o seu retorno ao Brasil?

Não vai ser isso que vai me fazer sair daqui, de forma alguma. Até porque, como falei, nunca havia acontecido nem faz parte da maioria do povo italiano, que é muito educado e inteligente.

Como você recebeu a notícia de que havia sofrido uma lesão no joelho direito que o fará ficar até 50 dias fora da Roma?

No dia do jogo eu já havia percebido que tinha algo errado porque estava sentindo muita dor. Fiz exames no dia seguinte e tive essa confirmação. Dos males foi o menor, já que não vou precisar de cirurgia. Vou trabalhar para voltar o mais rápido possível e na melhor das condições.

A que se deve a campanha tão irregular da Roma, já que para esta temporada a diretoria trocou o técnico e trouxe alguns reforços de peso para a equipe?

É complicado analisar resultados e os motivos pelos quais eles não aparecem algumas vezes, ainda mais para nós que fazemos parte do processo. Você pode acabar sendo injusto e isso nunca é legal. Sei que vejo a nossa equipe em condições de conseguir algo mais do que estamos fazendo. Vamos continuar trabalhando para buscar esse nível ideal.

Ainda acredita que pode retornar à Seleção e disputar mais uma Copa do Mundo?

Estarei sempre à disposição da Seleção Brasileira. Se o Mano Menezes achar que precisa de mim para ajudar de alguma forma, atenderei o chamado com todo o prazer com que sempre defendi a Seleção Brasileira.