Superar a mercantilização do corpo feminino ainda é um desafio a ser vencido

Para coordenadora de núcleo da Ufal, é preciso quebrar o estereótipo da mulher como objeto sexual

06/03/2012 09:01

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Marigleide Moura

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Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, quando são elencadas e relembradas conquistas e vitórias ao longo dos anos, a questão da mercantilização do corpo feminino, especialmente no Brasil, também entra em pauta como um desafio a vencer.

Práticas como o uso recorrente da imagem do corpo feminino em campanhas publicitárias e no carnaval, por exemplo, promovem o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual e ignora avanços para desconstruir pensamentos sexistas.

Para Elvira Barreto, coordenadora do Núcleo Temático Mulher e Cidadania da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) é muito mais fácil lutar por 

uma causa quando ela se materializa. Ela explica que o direito ao voto, a presença da mulher no mercado de trabalho e até a presença feminina na política são conquistas palpáveis. No entanto, para a professora, a questão da mercantilização do corpo está em um campo mais subjetivo.

Ascom Ufal

Elvira lembra que a imagem da mulher brasileira, por vezes, no exterior ainda é ligada à questão da exploração sexual, do tráfico de mulheres. “Apesar de todos os avanços, existe um marketing internacional nesse sentido”, falou enfatizando que existe uma relação dessa imagem ao sistema da sociedade capitalista em que a exploração é uma base do mercado.

Para Elvira Barreto, que também é professora da Faculdade de Serviço Social da Ufal, a mulher ainda é marcada pela culpabilização histórica que vem desde a história de Adão e Eva e por uma série de valores de uma cultura religiosa. “Tudo isso ainda está muito ligado à questão da autonomia, a lógica do opressor, do modelo masculino. Precisamos agregar conquistas reais com igualdades de condições”, comentou

Questionada sobre o que pode ser feito para mudar ou desconstruir essa concepção sobre a mulher, a professora disse que a mídia e a escola exercem papéis fundamentais nesse processo. “Hoje as escolas possuem projetos voltados para esse tema. Os debates foram ampliados e, de uma forma em geral, projetos sobre a diversidade sexual contribuem para desconstruir essa imagem”, acrescentou Elvira Barreto.


 

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