Ajuda ao FMI depende de espaço na direção do fundo, diz Dilma

06/03/2012 09:11

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G1

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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta terça-feira (6) ter recebido garantias da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil participará de uma recapitalização do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que por sua vez poderia ajudar a reforçar os fundos anticrise para a zona do euro. DIlma disse, porém, que a ajuda ao FMI deve ser acompanhada de maior espaço dos emergentes na direção do fundo.

"Desde reunião do G20 fomos a favor o aumento da maior participação do Brasil nas cotas do FMI. Para haver aumento de cotas tem de haver proporcional alteração dos emergentes na direção do FMI", disse Dilma nesta terça em pronunciamento à imprensa em Hannover, na Alemanha.

As duas líderes disseram a repórteres, depois de uma reunião na feira de tecnologia Cebit, em Hanover, na Alemanha, que discutiram as preocupações de Dilma de que uma enxurrada de dinheiro barato das nações industrializadas, incluindo as operações de liquidez do Banco Central Europeu (BCE), prejudicava países como o Brasil por levar a uma apreciação de suas moedas.

"Nas reuniões bilaterais, eu manifestei para a chanceler a preocupação do Brasil com a expansão monetária que vem ocorrendo por parte dos desenvolvidos - com os EUA obviamente uma parte mais significativa -, mas que agora a expansão monetária da União Europeia provoca desvalorização das moedas, o que consideramos adverso para o comércio internacional do Brasil."

Segundo ela, "o que tem acontecido é que os países emergentes têm visto suas taxas de crescimento diminuir".

"Acertamos que cada governo, entendendo os problemas de suas respectivas regiões, iremos buscar mehores formas de cooperação no sentido de ultrapassar esse período adverso para a economia internacional", completou Dilma.

A presidente voltou a citar nesta terça que o Brasil tomaria medidas para se proteger da guerra cambial, mas disse que serão "medidas que não firam a Organização Mundial do Comércio" para evitar que a desvalorização da moeda desindustrialize a economia brasileira.

Merkel disse que tranquilizou Dilma de que essas eram apenas medidas temporárias destinadas a ajudar as reformas da zona do euro a fim de enfrentar a crise da dívida. O Brasil tem pedido que a Europa estabilize o euro antes que o FMI possa aumentar seu próprio capital e libere mais fundos para países em dificuldades da zona do euro, como a Grécia.

"A presidente manifestou preocupação com a expansão monetária que conduz à valorização da moeda brasileira de modo que há mais importação e menos exportações. Isso tem a ver com a liquidez no âmbito do Banco Central Europeu. Eu expliquei que temos que aproveitar o tempo que temos para estabilizar a situação."

Merkel afirmou ainda que vai levar o tema para discussão na próxima cúpula do G20, que será em junho no México.

Angela Merkel e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, assinaram nesta terça-feira (6) um livro de ouro digital, o livro de visitantes, no estande da Microsoft durante visita à Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit, em Hannover, um dos maiores eventos do mundo de computadores para as inovações digitais e tendências. O evento acontece no norte da Alemanha e vai até o dia 10 de março.

Tsunami x protecionismo
Ao discursar após a presidente Dilma Rousseff na abertura da Feira Internacional das Tecnologias da Informação e das Comunicações, a Cebit, em Hannover, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel criticou "medidas protecionistas unilaterais" como estratégia para sair da crise financeira internacional.

"A presidente Dilma citou tsunami de liquidez, manifestou sua preocupação. Temos de olhar para medidas protecionistas unilaterais. Penso que a confiança é o caminho que devemos trilhar para sair da crise. [...] Nós, europeus, ficamos conscientes do fato de que temos que olhar além das nossas fronteiras", declarou Merkel. Segundo ela, trata-se de uma "crise bem delicada".

A fala ocorreu poucas horas depois de a presidente Dilma criticar a "política monetária expansionista" dos países desenvolvidos e afirmar que o Brasil tomará "todas as medidas" para se proteger.

“Eu reconheço que [a política cambial] é um mecanismo de defesa, mas você ganha tempo só. O que o Brasil quer mostrar é que está em andamento uma forma concorrencial de proteção de mercado que é o câmbio, uma forma artificial de proteção do mercado. [...] Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger", afirmou a presidente a jornalistas na manhã de segunda em Hannover, no lobby do hotel Luisenhof.

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