Editorial desta semana: O império dos impostos

05/03/2012 05:50

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Jornal Primeira Edição

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A ninguém é dado o direito de questionar a necessidade e a importância do imposto. É com a contribuição tributária de cada um e de todos que o estado sobrevive de forma organizada e – pelo menos deveria ser – mais justa e solidária.

A Bíblia, o mais precioso documento da história humana, narra o episódio emblemático de Jesus Cristo, personagem central e razão de ser do Novo Testamento, reconhecendo a legitimidade do tributo: “Daí a César o que é de César”. Referia-se à moeda cunhada com a efígie do imperador simbolizando o poder pecuniário do estado.

É assunto, portanto, de todo inquestionável. Não é, todavia, quando o dinheiro arrecadado em descontos compulsórios indiscriminados é desviado ou mal empregado, o que, a rigor, vem a ser o mesmo. E é, lamentavelmente, o que acontece no Brasil.

A cada ano, o governo federal bate seu próprio recorde em arrecadação de impostos, a exemplo do registrado neste último mês de janeiro. Dinheiro demais, entretanto, para pouquíssima contrapartida em tudo. Pois o Brasil, campeão mundial em tributação, está a dever uma saúde pública decente, uma educação qualificada, uma segurança pública minimamente eficiente.

De modo que o povo que tanto imposto paga, é o mesmo povo que quase nada recebe em compensação. Seja porque o governo é perdulário, seja porque o estado gasta mal, seja, ainda, porque o dinheiro público, aqui, é fonte inesgotável de corrupção.

Esperava-se que uma gestão popular – quase de visão proletária, ao menos em teoria – ousasse mudar essa triste e intolerável realidade, mas o que vemos, infelizmente, é apenas a confirmação de que os gestores de hoje em nada diferem dos de ontem.
 

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