Dia de Ação Global Fukushima

França, Suíça, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Japão, Austrália, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Mongólia e outros países realizam eventos antinucleares

01/03/2012 05:40

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Divulgação

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A data que marca um ano da tragédia nuclear no Japão será lembrada em vários países, que irão se unir, nos dias 10 e 11 demarço de 2012, numa corrente humana antinuclear internacional em memória às vítimas de Fukushima. Na capital federal, a ação será comandada pelo Templo Budista de Brasília, que além de promover palestra sobre o tema com Chico Whitaker, especialista no assunto, irá reunir pessoas de vários credos ao redor do sino, simbolizando esse abraço fraternal, numa cerimônia ecumênica.

O acidente na usina nuclear de Fukushima foi o mais grave depois da catástrofe de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O terremoto e o tsunami que devastaram o país há quase um ano comprometeram o sistema de refrigeração dos reatores, o que levou a incêndios e explosões. Um mês depois, o governo elevou a emergência ao nível 7, grau máximo da escala, antes atingido apenas pelo desastre na então União Soviética.

Além da tragédia natural, que resultou em milhares de mortos, a gravidade da situação foi mais longe com o vazamento de radiação. “Os equipamentos coletivos, casas e edifícios destruídos podem ser reconstruídos e as perdas de bens podem ser indenizadas; enquanto a explosão de uma usina nuclear, além das mortes imediatas que pode provocar, tem efeitos de médio e longo prazo pela contaminação radioativa da terra, do ar, da água, das plantas e das pessoas, que ameaçará mais de uma geração com doenças como o câncer e provocará mal formações nos que vierem a nascer, durante muitos anos”, afirma Chico Whitaker.

A dispersão de elementos radiativos provocada pela explosão de reatores e pelos vazamentos de água que os refrigera obrigou as autoridades a evacuar 3 mil moradores num raio de 3 km e logo em seguida 45.000 num raio de 10 km, depois aumentado para 20 km. “Até hoje todo o Japão se sente ameaçado pelos efeitos desse chamado ‘acidente nuclear’. Segundo o governo japonês os problemas hoje estão sendo resolvidos, mas ele é contestado pelos que dizem que a declaração do governo se baseia em uma suposição. Não existe base científica e factual para comprovar que a situação está sob controle”, explica o especialista.

De acordo com Chico, o desastre ocorrido no Japão despertou o mundo para a questão nuclear. “Foi como se Deus tivesse enviado um recado a nós, pobres seres humanos: cuidado com a tentação de se considerarem deuses”.

Na sua palestra intitulada “Por um Brasil Livre de Usinas Nucleares”, Whitaker falará sobre o risco da bomba, lixo atômico, reatores para usos científicos e medicinais, problema da mineração do urânio, necessidade de energia vinda de reatores nucleares e sobre o acidente no Japão e suas consequências para a vida no planeta. Mas falará também sobre alternativas às centrais nucleares para aumentar a produção de energia elétrica no Brasil. Será um longo bate-papo de duas horas a respeito de um assunto tão complexo e que merece aprofundamento.

1º aniversário do desastre de Fukushima - Uma ONG francesa chamada “Sair do Nuclear” (Sortir du Nucléaire) é a responsável por promover essa “corrente humana”. Ela irá ligar as cidades de Lyon e Avignon, região onde estão muitas das usinas nucleares daquele país, no dia 11 de março de 2012. Será um ato de solidariedade aos japoneses e de protesto contra o uso da energia nuclear para produzir energia elétrica.

A partir dessa iniciativa, pessoas e organizações do mundo todo farão o mesmo em seus países, nessa mesma data. No Brasil, além da capital federal já há atividades desse tipo sendo preparadas pelo menos em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Angra dos Reis, Salvador da Bahia, Caitité (onde se encontra a mina de urânio). 

Primeira Edição © 2011