Tombini afirma que BC intervirá no mercado cambial, se necessário

Sem indicar de que forma o governo pode atuar para evitar uma valorização exacerbada do real ante o dólar, presidente do Banco Central disse apenas que 'os instrumentos são amplos'

28/02/2012 15:36

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Estadão

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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira, 28, que a autoridade monetária sempre entrará no mercado cambial quando for necessário para que ele tenha condições de funcionar. Sem indicar de que forma o governo pode atuar para evitar uma valorização exacerbada do real em relação ao dólar, por exemplo, Tombini disse apenas que "os instrumentos são amplos". "Já temos um histórico recente de entradas nesse mercado. Não nos furtaremos a garantir estabilidade nessa área", garantiu.

O presidente do BC salientou que a autoridade monetária vem atuando com sua política de acumulação de reservas ao longo do tempo. "Essas intervenções, que são esterilizadas, têm sido úteis também para evitar que um termo de troca muito favorável, como o preço das commodities agrícolas, caia muito forte e gere um câmbio real extremamente elevado", argumentou.

Tombini lembrou que no período de reversão do mercado internacional, quando poderia gerar instabilidades financeiras, o governo atuou em várias frentes para evitar uma atuação contra o dólar no mercado brasileiro. "Nunca abdicamos desse processo de acúmulo de reservas, mesmo nos momentos mais difíceis", salientou.

Valorização do real

As declarações de Tombini referem-se ao quadro atual da moeda brasileira, que deve encerrar este mês na dianteira do ranking das moedas mais valorizadas do mundo em relação ao dólar. Até segunda-feira, 27, o real acumulava alta de 11% em relação ao dólar, à frente do peso mexicano, com ganhos de 8,9%, do dólar da Nova Zelândia, com 8,5%, e de 8% do rand sul-africano.

Segundo especialistas, a valorização do real é explicada, principalmente, pelo otimismo do investidor global com o Brasil. Em janeiro, por exemplo, entraram no País quase US$ 5,5 bilhões na conta do chamado investimento estrangeiro direto. Para se ter uma ideia, no mesmo mês do ano passado, o saldo positivo foi de US$ 2,9 bilhões.

Para o fim do ano, a expectativa da média do mercado é de que o dólar seja cotado a R$ 1,75, conforme o boletim Focus divulgado ontem pelo BC. "A valorização do real não é conjuntural, mas sim estrutural, e está relacionada com a boa situação do Brasil em relação aos países desenvolvidos", afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

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