Argentina intervém em trens de concessionária de acidente

De acordo com o titular da pasta, Julio De Vido, o controle da linha e do ramal Mitre foi decidida no último fim de semana pela presidente Cristina Fernández de Kirchner

28/02/2012 12:57

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Folha

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O Ministério do Planejamento da Argentina anunciou nesta terça-feira que fará uma intervenção de 15 dias na empresa Trenes de Buenos Aires, concessionária responsável pelo ramal Sarmiento, onde ocorreu o acidente que deixou 51 mortos e 703 feridos na última quarta (22).

De acordo com o titular da pasta, Julio De Vido, o controle da linha e do ramal Mitre foi decidida no último fim de semana pela presidente Cristina Fernández de Kirchner.

O ministro também afirmou que o controle das operações pelo Estado será "preventivo, cautelar e transitório", ainda que não tenha dito o que possa ocorrer após o prazo de intervenção.

Durante o período, funcionários da Secretaria de Transportes realizarão auditorias sobre a infraestrutura do sistema ferroviário metropolitano. As duas linhas, que transportam diariamente 300 mil pessoas, poderão sofrer redução de composições e mudanças de horário.

Na segunda (27), outro trem da linha Sarmiento registrou um princípio de incêndio nesta segunda-feira ao se aproximar da estação Once, em Buenos Aires.

O incidente aconteceu por volta das 7h30, quando a formação passava por um conserto na estação e um fusível explodiu, provocando faíscas e deixando o maquinista ferido com queimaduras leves. O serviço da linha não foi afetado.

GRAVAÇÃO

Neste domingo (26), a imprensa argentina divulgou um áudio revelando que o maquinista não alertou o centro de controle ferroviário sobre uma falha do sistema de freios no trem que chocou contra a plataforma da estação Once, na última quarta-feira (22).

A gravação mostra que o maquinista só se comunicou com o centro de controle no início de seu turno.

O contato só é retomado após o trem colidir numa plataforma da estação de Once, uma das principais de Buenos Aires, mas é a voz do guarda do trem que se ouve, pedindo ao controle o envio de ambulâncias, bombeiros e policiais.

Em depoimento na Justiça na sexta-feira passada, o maquinista do trem disse que tentou frear duas vezes e que também utilizou o freio de emergência, mas os mecanismos não funcionaram.

O maquinista Marcos Antonio Córdoba, de 28 anos, foi acusado por negligência --crime para o qual se prevê uma pena de seis meses a três anos de prisão. Após prestar depoimento, ficou em liberdade por decisão do juiz.

"Em nenhum momento do áudio do contato entre o maquinista e o controlador de tráfego se registrou algum inconveniente no trem e o maquinista jamais advertiu que o comboio tinha falhas nos freios", indicaram fontes da empresa TBA, responsável pelo serviço ferroviário, em declarações ao jornal "La Nación".

No entanto, sindicalistas do serviço ferroviário citados pelo jornal disseram que os trabalhadores que se negavam a conduzir trens em estado precário eram punidos pela empresa.

As denúncias sobre o mau funcionamento dos trens também aumentam entre os usuários, cujos testemunhos se multiplicam na imprensa local. Algumas das reclamações são portas automáticas abertas durante o trajeto, guichês quebrados e atrasos.

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