São aproximadamente 13 km entre o Centro de Maceió e o povoado Boca do Rio, no bairro de Riacho Doce, onde o acesso à tecnologia é precário. Para eles, computador ainda é artigo de luxo, o que limita o futuro de crianças e jovens à pesca como modo de sobrevivência. Mas um trabalho desenvolvido pelo Senac, por meio do Programa Senac de Gratuidade (PSG), leva a esperança para as salas da Associação Beneficente da Comunidade. Divididos em duas turmas, 32 moradores estão assistindo a aulas do curso de Operador de Computador.

Para Mauro Vieira, instrutor do curso, “desenvolver esse trabalho é gratificante, em especial, pela dedicação dos alunos que, em meio a tantas dificuldades, revelam uma vontade de aprender que contagia”, diz ele, emocionado. “Mesmo dentro de salas pequenas, com o mínimo de estrutura, os alunos demonstram que não há obstáculo que não possa ser superado. É um aprendizado diário”, destaca Vieira.

Maria Helena Silva é uma das alunas do curso. Aos 60 anos de idade, ela mora na comunidade desde criança, mas conta que não quis seguir o mesmo destino dos pais pescadores. Professora de Inglês na cidade de Murici – município localizado na Zona da Mata Alagoana, distante 44 km da capital Maceió –, Maria Helena confessa que nunca tinha tido oportunidade de fazer um curso de Informática. “Tenho um computador em casa que servia apenas como artigo de decoração. Não sabia como ligá-lo! Depois desse curso, sinto que fui alfabetizada para o mundo digital e, conseqüentemente, fui inserida na sociedade. Me sentia um peixe fora d’água”, diz a professora que já se organiza para fazer outros cursos na área.

Já Darlan Teixeira, 18, mora no bairro do Tabuleiro e sempre se interessou pelo mundo digital. O Pai dele, o autônomo Degentel Ferreira Lima, 53, revelou que já tentou colocar o filho em um curso do Senac, mas não tinha condições. “Tomei conhecimento sobre o processo seletivo do PSG e fiz a inscrição de Darlan. Para a minha surpresa, ele foi aprovado. Por isso, todos os dias, faço questão de trazê-lo à comunidade e ficar aqui esperando a aula acabar”, conta o grande incentivador do filho, e complementa: “Darlan é um autodidata. Para ele, essa oportunidade de estudar no Senac, uma instituição tão respeitada na área do Comércio, será um divisor de águas”.

As aulas na comunidade da Boca do Rio tiveram início no dia 31 de janeiro e seguem até 5 de março. Durante o curso, os alunos aprendem a operar computadores, executar atualizações em softwares, digitar com produtividade, conhecem os softwares mais usados em escritórios - Word, Excel, Power Point e Outlook, e aprendem como navegar na Internet.