Não sou bandido, não matei, disse Mizael ao se entregar

25/02/2012 05:25

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Tribuna da Bahia

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Mizael Bispo de Souza se apresentou ao juiz Leandro Cano por volta das 18h15 desta sexta-feira (24). Vestindo terno e gravata, ele entrou no fórum no carro dos advogados que o acompanhavam, Wagner Garcia e Ivon Ribeiro, pelo estacionamento. A apresentação foi previamente acordada com o juiz. Bispo fez exigências como, não entrar pela porta da frente e na ausência de jornalistas e do promotor Rodrigo Merli Antunes.

Ele também pediu que fosse levado ao presídio Romão Gomes em carros descaracterizados da Corregedoria da PM. Os pedidos foram aceitos pelo juiz, com exceção da solicitação de ausência do promotor.

Antunes disse que Bispo declarou estar inconformado com as decisões judiciais contrárias à liberdade provisória dele. "Não sou bandido, não matei", declarou ao juiz, segundo seus advogados. Bispo estava, segundo o promotor, com cara de choro e mais gordo. "Estava abatido", disse ele.

A 500 METROS DE CASA

Rastreamento de telefones e sinais de internet com autorização da Justiça indicam que Mizael estava há meses no bairro Bonsucesso, em Guarulhos. "Ele trocava de esconderijo para não ser encontrado", disse o promotor. Um dos esconderijos foi a casa de um amigo

Segundo outro advogado dele, Ivon Ribeiro, ele sempre esteve a 500 metros da própria casa, no mesmo bairro.

Antes disso, esteve nas cidades baianas de Ibotirama e Paratinga, onde vivem pais e primos dele.

De acordo com o estatuto da advocacia, o acusado tem direito a ficar preso numa sala do estado maior e não numa cela _ uma sala do estado maior é um quartel ou unidade das Forças Armadas. Não pode haver grades nem regime penitenciário.

"Se em dez dias não arrumarem uma sala nesses moldes, ele poderá ter o benefício da prisão domiciliar, o que causaria ainda mais descrédito na população", disse Antunes.

Somente após uma eventual condenação, o acusado seria levado a uma penitenciária.

Para o promotor, Bispo optou pela apresentação à Justiça para tentar sensibilizar a opinião pública quando ele for julgado. "Não temos dúvida que ele cometeu o homicídio", disse. Além disso, ele estaria sem dinheiro.

O acusado chegou ao presídio militar às 21h45 num carro da Corregedoria da PM, com o paletó sobre o rosto ladeado por soldados.

"Ele só pediu tudo isso ao juiz para não ser esculachado pela Polícia Civil", afirmou Ribeiro.

Primeira Edição © 2011