CNBB critica saúde pública com Campanha da Fraternidade

Padre Eduardo Tadeu diz que o SUS é o melhor sistema de saúde do mundo, mas apenas no papel

23/02/2012 07:02

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Redação com Agência Brasil

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"Fraternidade e Saúde Pública" é o tema da 49ª Campanha da Fraternidade, lançada ontem (22) pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF).

Com o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra", a campanha pretende sensibilizar os fiéis sobre a situação dos brasileiros que enfrentam longas filas de atendimento e falta de vagas em hospitais públicos do País. Para o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, não é exagero dizer que a saúde pública no Brasil não vai bem.

De acordo com ele, é preocupante a decisão do governo de cortar cerca de R$ 5 bilhões da área de saúde. "Os problemas verificados na área da saúde são reflexos do contexto mais amplo de nossa economia de mercado, que não tem, muitas vezes, como horizonte, os valores ético-morais e sociais."

No texto-base da campanha, a CNBB expõe as grandes preocupações da Igreja com relação à saúde pública, como a humanização do atendimento aos pacientes e o financiamento, classificado pela confederação, como "problemático e insuficiente". A entidade critica ainda a escassez de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para o padre de Maceió, Eduardo Tadeu, o objetivo geral da campanha é provocar uma reflexão sobre a realidade da saúde pública no Brasil e mostrar que o SUS é o melhor sistema de saúde do mundo, mas apenas no papel. Ele destaca que a campanha também visa incentivar a prática de hábitos saudáveis.

Gastos
O texto da campanha compara os gastos da saúde no Brasil com o de alguns países em que 70% do que é dispendido na área vêm do governo e 30% do contribuinte. Já no Brasil, em 2009, o governo foi o responsável por 47% (R$ 127 bilhões) dos recursos aplicados na saúde, enquanto as famílias gastaram 53% (R$ 143 bilhões).

Alguns avanços
No entanto, segundo dom Leonardo, a Igreja reconhece também alguns avanços na área, como a redução da mortalidade infantil, a erradicação de algumas doenças infecto-parasitárias e o aumento da eficiência da vacinação e do tratamento da aids. "São significativos os avanços verificados nas últimas décadas na área da saúde pública."

Orçamento para 2012
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou do evento, este ano a área terá orçamento 17% maior que em 2011: R$ 72 bilhões. "O aumento de R$ 13 bilhões é o maior aumento nominal que já existiu de recursos para a saúde de um ano para o outro, desde o ano 2000. O meu papel como ministro não é ficar esperando os recursos virem, mas, sobretudo, fazer mais com o que temos", disse Padilha.

Segundo ele, o debate sobre o financiamento da saúde continua e será mais amplo com o apoio da campanha da fraternidade. O ministro disse ainda que o contingenciamento de R$ 5 bilhões, com o corte do Orçamento anunciado pelo governo na semana passada, não afetará nenhum programa da pasta. "Tudo o que estava programado pelo Ministério da Saúde e foi encaminhado para o Congresso Nacional está absolutamente mantido."

De acordo com o membro do Conselho Nacional de Saúde Clóvis Boufleur, a campanha da fraternidade pretende efetivar a participação de conselhos estaduais e municipais de saúde. Entre os temas que serão debatidos nos conselhos, estão a violência, a obesidade e a gravidez na adolescência.

"A violência dentro de casa se transformou em um problema de saúde. A partir dos 4 anos de idade, os acidentes e a violência são as principais causas de mortes de crianças e jovens", disse Boufleur.

Primeira Edição © 2011