Estado não tem que escolher "sexo" do cidadão, diz Garotinho

16/02/2012 06:14

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O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro, comentou nesta quarta-feira (15) a iniciativa fracassada do governo federal de distribuir material sobre educação sexual em escolas públicas. "Estado não tem que escolher se o cidadão deve ser homem, mulher ou optar por um outro sexo", disse.

Garotinho falou sobre o assunto quando questionado sobre declarações do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) a respeito de pastores evangélicos. No Fórum Social Mundial, Carvalho afirmou que o Estado deveria fazer uma disputa ideológica pela "nova classe média", que estaria influenciada por setores conservadores, como as igrejas evangélicas. Nesta quarta-feira (15) o ministro pediu desculpas aos deputados e senadores evangélicos.

O ex-governador participou do "Poder e Política - Entrevista", projeto do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

O material sobre sexualidade foi elaborado pelo MEC (Ministério da Educação) durante a gestão de Haddad Fernando (PT-SP), que deixou a pasta ser candidato a prefeito de São Paulo. A respeito das eleições, Garotinho disse que, ao menos no Rio de Janeiro, a discussão sobre princípios religiosos terá importância. "O Eduardo Paes [atual prefeito e pré-candidato à reeleição] é um notório defensor de políticas que vão contra princípios cristãos", disse.

DILMA

Na entrevista, o deputado do PR também criticou o governo de Dilma Rousseff. Ele afirmou que a presidente tem feito as intervenções necessárias quando algum ministro se manifesta contra princípios evangélicos, mas classificou o governo como "péssimo".

"Basta olhar a execução orçamentária do ano passado. Foi pífia. Por exemplo: segurança pública, que é um tema que está em voga hoje. Quanto o governo gastou? O Pronasci [Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania] deveria se chamar "Promorre", porque não gastou nada", disse.

Sobre a popularidade em alta de Dilma, Garotinho disse que "Hitler também era [popular]", mas negou comparar a presidente ao líder nazista. Segundo ele, a afirmação serve apenas para mostrar que as pessoas se enganam ao avaliar um governo.

GREVE DA POLÍCIA

Garotinho falou também sobre a conversa telefônica que teve com o cabo Benevenuto Daciolo, líder da greve no Rio, e que vazou para a imprensa nos últimos dias. Ele negou ter incitado a paralisação e apontou um "equívoco" na posição da presidente de ser contra anistia a líderes do movimento. "A anistia é uma conquista da civilização e do sistema democrático. Anistia é tão importante que a Dilma não seria presidente da República hoje se não fosse a anistia", disse Garotinho.

Na entrevista o ex-governador do Rio analisou a aliança com o ex-desafeto Cesar Maia (DEM). Os dois lançarão Rodrigo Maia (DEM), filho de Cesar Maia, como candidato a prefeito do Rio. Clarissa Garotinho (filha de Garotinho) será candidata a vice.

Indagado sobre 2014, deu a entender que pretende disputar um cargo majoritário, possivelmente o governo fluminense. No plano nacional, não revelou preferências, mas disse que no PSDB José Serra é mais competitivo do que Aécio Neves numa disputa presidencial. E que Serra deveria ficar fora da disputa pela Prefeitura de São Paulo neste ano.

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