10 Dicas para os professores cuidarem bem da voz durante as aulas

Problemas vocais é a principal causa de afastamento dos professores

08/02/2012 08:43

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Sintonia Comunicação

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As férias acabaram e agora chegou o momento de alunos e professores voltarem às salas de aula renovados para o início de mais um trabalhoso ano letivo. Entretanto, problemas vocais é a principal causa de afastamento dos professores e, por isso, é necessário que eles tomem alguns cuidados especiais.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Voz (CEV) em parceria com o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) e com a Universidade de Utah, nos Estados Unidos, 35% dos professores entrevistados relataram a presença de cinco ou mais problemas vocais, e 63% disseram já ter tido algum problema durante a vida.

Os dados indicam que 16,7% dos professores consideram que terão que mudar de profissão no futuro por conta dos problemas vocais. O questionário com 35 perguntas foi aplicado para 3.265 pessoas, das quais 1.651 eram docentes. Entre os professores, 63,1% afirmaram ter alterações vocais. Entre os “não professores”, 35,1% também afirmaram ter problemas com a voz. Os principais problemas relatados são: cansaço vocal (92%), desconforto para falar (90,4%), esforço para falar (89,2%), garganta seca (83,4%), rouquidão (82,2%), dificuldade para projetar a voz (82,8%), instabilidade ou tremor na voz (79,3%) e dor na garganta (72,7%).

Outro dado preocupante é que as doenças vocais, decorrentes ou prejudiciais ao trabalho, provocam efeitos nos níveis social, econômico, profissional e pessoal, representando um prejuízo de mais de 200 milhões de reais ao ano no Brasil, segundo uma pesquisa do 3º Consenso Nacional sobre Voz Profissional em 2004. Para auxiliar os professores a não voltarem às aulas sem voz, especialistas da ABLV lançam a “Campanha da Voz”, uma iniciativa que busca orientar sobre a prevenção do câncer de laringe e conscientizar a população e, principalmente, os profissionais da voz sobre a importância dos cuidados com o aparelho vocal.

Segundo o otorrinolaringologista José Eduardo Pedroso, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, “a atividade docente quase sempre implica em uma demanda vocal maior que a habitual. Isso depende de alguns fatores como seu local de trabalho – acústica do ambiente, tamanho da sala, uso de aparelhos auxiliares (microfones), quantidade de alunos por sala, idade dos alunos – e suas condições físicas, como resfriados, gripes, sinusites e outras doenças laríngeas ou alterações estruturais que podem contribuir para o surgimento de alterações vocais”.

Pedroso apresenta os principais riscos que os profissionais que usam excessivamente a voz e de forma incorreta podem sofrer ao longo dos anos. “Os principais riscos estão relacionados ao trauma constante, que pode levar a lesões como pólipos, nódulos e granulomas que são lesões de cobertura das pregas vocais. Se não forem tratadas corretamente podem levar a danos irreversíveis”, alerta.

Adriana Maria Wecc Silva, 39, é professora de matemática do ensino médio há 15 anos, pastora evangélica e membra do grupo de cantores na sua igreja. Adriana ministra seis aulas por dia, cada uma com cerca de 50 minutos, além dos cultos e ensaios da igreja aos finais de semana. Adriana está na parcela da população que usa a voz demasiadamente e, por isso, já chegou a apresentar problemas vocais.

“Trabalho com adolescentes de 14 a 17 anos, idade que eles ficam agitados e ainda têm as cordas vocais novas, e tenho percebido que os jovens estão falando cada vez mais alto, pelo fato de usarem muito o fone de ouvido. Por tentar falar muito alto às vezes, tentando competir com a voz dos alunos, já tive problemas de rouquidão, dor de garganta e cansaço ao falar. Por isso, passei a tomar certos cuidados, como evitar forçar a voz, beber bastante água e fazer exercícios vocais antes de cantar. Há dez anos, também comecei a usar o microfone nas salas de aula e isso tem facilitado bastante”, conta a professora.

O especialista apresenta as principais recomendações para os professores e os demais profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho possam preservar sua saúde vocal:

1. É importante não gritar ou pigarrear, pois isso agride as cordas vocais.

2. Apesar de parecer inofensivo, cochichar é tão prejudicial à saúde vocal quanto gritar.

3. O fumo e o consumo exagerado de bebidas alcóolicas são hábitos nocivos à saúde da voz, e são os principais causadores de câncer de laringe.

4. Não falar muito quando estiver com infecção de via aérea superior (resfriado, gripe ou sinusite).

5. Não comer muito antes de dar aula.

6. Falar somente quando necessário, evitando falar nos intervalos das aulas.

7. Beber bastante água para manter-se hidratado.

8. Dormir bem para descansar a voz.

9. Comer alimentos leves que não causem refluxo.

10. Quando apresentar sintomas, como rouquidão por mais de 15 dias, dor ao engolir, dor no pescoço ao falar ou falta de ar, procure um médico otorrinolaringologista para orientá-lo sobre o diagnóstico correto e as medidas necessárias. 

Primeira Edição © 2011