No dia 23 de agosto de 1988, dona Shirley e seu Gie-Ming colocaram no mundo o pequeno Jeremy Lin, em Los Angeles. A mesma Los Angeles onde brilha Kobe Bryant, nascido também num 23 de agosto, exatos dez anos antes. O tempo passou, e os dois tomaram rumos bem distintos, mas se encontraram na noite de segunda-feira. Na verdade não chegaram a se encontrar fisicamente, separados pelos pouco mais de 130km entre Nova York e Filadélfia. Mas se cruzaram no noticiário, como os maiores destaques da rodada da NBA, cada um com seus 28 pontos e feitos impressionantes. Descendente de chineses, Lin colocou os desfalcados Knicks nas costas na vitória sobre o Jazz. Perto dali, Kobe ultrapassou Shaquille O’Neal como o quinto maior cestinha da história da liga.

OLHOS PUXADOS – Sem Amare Stoudemire, que perdeu o irmão num acidente de carro, e sem Carmelo Anthony, que saiu no início do jogo com uma lesão na virilha, o New York Knicks olhou para o Oriente. E encontrou Jeremy Lin, armador de 26 anos, pai chinês e apenas um ano de experiência na NBA. Em pleno Madison Square Garden, na sua primeira vez como titular, ele anotou 28 pontos e distribuiu oito assistências. Foi fundamental na vitória por 99 a 88 sobre o Utah Jazz e virou um dos grandes personagens da noite.

SUBINDO A ESCADA – Com Kobe Bryant, a história é outra. Mais do que acostumado com o papel de protagonista, ele não conseguiu evitar a derrota do Los Angeles Lakers para os Sixers na Filadélfia, por 95 a 90. Mas fez 28 pontos – mesma marca de Lin – e, com isso, ultrapassou o antigo parceiro/desafeto Shaquille O’Neal na lista dos maiores cestinhas da história da liga. Agora, com 28.601 pontos, Kobe é o quinto do ranking, atrás apenas de Kareem Abdul-Jabbar, Karl Malone, Michael Jordan e Wilt Chamberlain. Está bem acompanhado.

TEMPO EXTRA – A rodada de segunda-feira não foi só Kobe e Lin. Teve gente ralando e até fazendo hora extra: três jogos foram para a prorrogação. O Los Angeles Clippers de Chris Paul (29 pontos + oito assistências) se deu bem na casa do Orlando Magic e venceu por 107 a 102. Só não se deu bem por completo porque perdeu o armador Chauncey Billups, vítima de uma lesão no tendão de Aquiles. Em Portland, deu polêmica. Uma marcação de bola na descendente contra LaMarcus Aldridge no finzinho do quarto período levou a partida para o tempo extra, e Oklahoma City Thunder arrancou a vitória por 111 a 107, com 33 pontos de Kevin Durant. Quem também jogou cinco períodos foi o Washington Wizards, que bateu o Toronto Raptors por 111 a 108, com direito a atuação apagadíssima de Leandrinho, errando os quatro arremessos que tentou.

VISITANTES ABUSADOS – Os outros cinco jogos da rodada terminaram com vitórias de quem atuava fora de casa. Na véspera do aniversário de 38 anos, Steve Nash fez 24 pontos e levou o Phoenix Suns ao triunfo sobre o Atlanta Hawks (99 a 90). O Chicago Bulls, que viu Derrick Rose saindo para se poupar da dor nas costas, atropelou o New Jersey Nets por 108 a 87. O Sacramento Kings contou com 28 pontos e 19 rebotes de DeMarcus Cousins para bater o New Orleans Hornets por 100 a 92. Tim Duncan, mesmo com o peso da idade nas costas, brilhou com 19 pontos e 17 rebotes para dar a vitória ao San Antonio Spurs sobre o Memphis Grizzlies por 89 a 84 – o brasileiro Tiago Splitter foi bem, com 14 pontos e seis rebotes. Falando em brasileiro, Nenê mais uma vez desfalcou o Denver Nuggets, que não resistiu ao Houston Rockets e perdeu por 99 a 90 – perdeu ainda Danilo Gallinari, que saiu de muletas com o pé torcido. É o quinto tropeço em seis rodadas. Que fase.