Quando levantou as mãos para o céu para comemorar o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, quarta-feira passada, no Pacaembu, após vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, o técnico Narciso, do Corinthians, repassou toda a sua vida. O título de uma competição para equipes de base, evidentemente, não tem o mesmo peso de uma conquista de equipes profissionais. Para Narciso, porém, foi a Copa do Mundo que nunca disputou. Ou a medalha de ouro que escapou em 1996. Foi, acima de tudo, o triunfo sobre a dor.

Ex-jogador de Santos, Flamengo e Seleção Brasileira, entre outros, Narciso já pode ser considerado um campeão, independentemente dos títulos que venha a conquistar. Ele conseguiu vencer a disputa mais importante de sua vida: a luta contra a leucemia. Hoje, aos 38 anos, divide o seu tempo entre os treinos no Corinthians e as palestras que costuma ministrar em hospitais para falar sobre a sua experiência e dar esperança a pessoas que também sofrem com câncer.

No dia seguinte ao título da Copinha, Narciso concedeu entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, no alto da Ilha Porchat, em São Vicente - mesmo treinando os juniores do Timão, ele segue morando na Baixada Santista. No bate-papo, o treinador fala sobre a conquista, lamenta a sua saída do Santos, após 17 anos, relembra a passagem curta e traumática pelo Flamengo, em 1999, e afirma que a Seleção Olímpica de 1996, da qual fez parte, não conseguiu disputar a medalha de ouro porque era desunida e esnobe. Acima de tudo, Narciso dá uma lição de vida ao falar sobre seu triunfo sobre o câncer.