Após tragédia no Rio, familiares podem sofrer de estresse pós-traumático e pânico, diz psiquiatra

Os transtornos psicológicos causados pelo impacto da perda inesperada de parentes ou de bens podem surgir imediatamente ou em até seis meses

28/01/2012 09:05

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UOL

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Transtornos de estresse pós-traumático e síndrome do pânico são os sintomas mais frequentes que parentes de vítimas ou sobreviventes de catástrofes podem desenvolver após tragédias como a do desabamento de três prédios ocorrido na noite de quarta-feira (25), no centro do Rio de Janeiro.

“A pessoa pode ficar revivendo a situação estressante como se estivesse acontecendo de novo”, disse ao UOL a chefe do setor de psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Fátima Vasconcellos.

Os transtornos psicológicos causados pelo impacto da perda inesperada de parentes ou de bens podem surgir imediatamente ou em até seis meses e ainda ter repercussão em longo prazo na vida da pessoa, diz a especialista. Nos momentos iniciais, é possível que as pessoas tenham crises nervosas, ainda sob o impacto da tragédia.

“Não só familiares das vítimas podem desenvolver esses transtornos, mas também aqueles que sobreviveram, ou até os passantes que tiveram que fugir correndo do desabamento podem reviver essa angústia. Não existe cura para o estresse pós-traumático, existe controle”, explicou.

Os principais sintomas, destacou Vasconcellos, podem ser os sentimentos de desespero, isolamento, ansiedade, sudorese, palpitação e medo, podendo também haver um aumento do consumo de álcool e de calmantes.

“Às vezes as pessoas podem ficar mais desesperadas com as lembranças excessivas do fato que as assombram. É um transtorno de ansiedade, mas é tratável e possível de ser controlado com medicamentos antidepressivos, quando indicado”, afirma a especialista, alertando para o risco do abuso de drogas e medicamentos sem prescrição médica.

A psiquiatra destaca a importância do apoio da família, para que a pessoa que viveu a tragédia possa se sentir protegida. “Não tem como apagar da memória, mas a solidariedade ajuda a retomar as ligações familiares, a lidar com a perda do parente querido e a não se desesperar”.

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