Moradores do Pinheirinho se abrigam em igreja após reintegração de posse

24/01/2012 07:12

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R7

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Após a reintegração de posse da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, parte dos moradores se abriga numa igreja próxima ao local. De acordo com o padre Ronildo Aparecido de Rosa, 2.000 ex-moradores do Pinheirinho estão no local desde a noite deste domingo (22).

Sem ter para onde ir, eles improvisam camas no chão, nos bancos, e até mesmo em áreas externas da igreja. A comida vem de doações, e banhos são só de mangueira e frios. Muitos estão apenas com a roupa do corpo e dizem não conseguir voltar às antigas casas para retirar seus pertences.

Na noite de domingo, quando os moradores chegavam, a polícia jogou uma bomba de efeito moral, uma de gás lacrimogêneo no pátio externo da igreja. A informação foi confirmada por quatro moradores, que relataram ter passado mal por causa do gás, e pelo padre. Questionado pelo R7 sobre o motivo de ter jogado as bombas, a assessoria de imprensa da PM diz desconhecer o ocorrido.

Dormindo no chão da igreja, com seus seis filhos e dois netos, Shirley Aparecida da Silva, de 52 anos, diz “estar sem recurso nenhum” desde que foi expulsa de casa.

- Não tem chuveiro e estou com a roupa do corpo. A situação está difícil. As doações que tenho são só da população, porque da prefeitura não vem nada.

Ela conta que estava chegando do trabalho na manhã de domingo quando viu a polícia realizando a reintegração e que conseguiu apenas buscar os filhos em casa, deixando pertences e remédios para trás. Shirley, que morava na comunidade havia quatro anos, diz não ter para onde ir.

Um adolescente de 19 anos que se identificou apenas como Frank afirmou que também está sem ter para onde ir. Ele morava com a mãe, o pai e o irmão, que estão em outro abrigo, numa casa do Pinheirinho, e que agora dorme junto com a namorada e a família dela na igreja.

- Não temos destino. Não quero ficar aqui, porque a igreja é para rezar, não para morar. Mas também não queremos ficar em abrigo.

O padre De Rosa conta que decidiu abrir a igreja devido à insegurança sentida pelos ex-moradores após a operação policial.

- O coronel Messias [Melo, comandante da operação] me prometeu que nenhuma viatura passaria aqui na porta da igreja, que ele estava cumprindo até que a polícia estourou as bombas de gás de efeito moral. 

Primeira Edição © 2011