Explosões controladas buscam permitir entrada de mergulhadores em todas as àreas de cruzeiro que tombou na costa da Itália
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Equipes provocaram explosões controladas no navio Costa Concordia nesta terça-feira, como parte das operações de resgate de sobreviventes do naufrágio na costa da Itália, cujo número de mortos aumentou nesta terça-feira de seis para 11 após mais cinco corpos terem sido encontrados. Antes da nova contagem de mortos, as autoridades apontavam 29 desaparecidos: 14 alemães, seis italianos, quatro franceses, dois americanos, um peruano, um húngaro e um indiano.
O porta-voz da Marinha italiana, Alessandro Busonero, afirmou que duas explosões criaram buracos no casco do navio, na tentativa de facilitar a entrada de mergulhadores e bombeiros em partes da embarcação às quais não tinham acesso. “Estamos correndo contra o tempo”, disse.
Segundo o porta-voz da Guarda Costeira, Filippo Marini, ainda há uma pequena possibilidade de que sobreviventes sejam encontrados. “A esperança é que o navio esteja vazio e as pessoas estejam em outro lugar, ou que elas tenham encontrado um lugar seguro dentro da própria embarcação”, afirmou.
Enquanto o resgate continua, a Justiça italiana se prepara para interrogar o capitão Francesco Schettino, acusado de ter provocado o acidente e abandonado o navio sem cuidar da retirada dos passageiros e tripulantes. Nesta terça-feira, um juiz vai decidir se Schettino deve continuar detido.
Gravações da caixa preta do navio e de ligações telefônicas obtidas pela imprensa italiana indicam que o capitão teria ignorado uma ordem da guarda costeira italiana para retornar ao navio e coordenar a retirada dos passageiros e tripulantes.
De acordo com os relatos publicados pela imprensa italiana, em uma conversa com a guarda costeira várias horas após o navio se chocar com a rocha que provocou seu naufrágio, Schettino dá respostas evasivas, sugerindo que não estava no controle da retirada dos ocupantes do navio.
Segundo o "Corriere della Sera", a guarda costeira perguntou ao capitão quantas pessoas ainda estavam a bordo. Embora a embarcação estivesse cheia, o comandante respondeu que apenas entre 200 e 300.
A resposta levantou suspeitas e a guarda costeira perguntou se ele tinha deixado o navio. Schettino teria dito que sim. "O que você está fazendo? Está abandonando o resgate? Capitão, isto é uma ordem, estou no comando agora. Você declarou 'abandonar o navio'", afirma o oficial da guarda costeira a Schettino em determinado momento da conversa.
Ao ouvir do oficial que já havia corpos encontrados, Schettino pergunta quantos e ouve como resposta: "Isso é para você me dizer. O que você está fazendo? Quer ir para casa?", questiona o interlocutor.
O comandante garantiu que voltaria ao navio, mas testemunhas e investigadores que cuidam do caso afirmam que ele não voltou e disseram que ele pegou um táxi em direção a um hotel.
Ainda segundo as gravações obtidas pela imprensa italiana, o choque do navio com a rocha teria ocorrido às 21h45 (18h45 de Brasília), mas o capitão somente teria declarado problemas com a embarcação 49 minutos depois.
O primeiro alarme recebido pela guarda costeira teria vindo com a chamada de um passageiro do navio, às 22h06. A guarda costeira contatou então a tripulação do navio, mas foi informada que havia apenas um problema elétrico.
O Costa Concordia naufragou na costa italiana na noite de sexta-feira, com mais de 4,2 mil a bordo, incluindo cerca de 1 mil tripulantes.
Primeira Edição © 2011