Defesa tenta desacreditar depoimento de sobrevivente e volta a falar sobre tortura

E volta a falar sobre a tortura que um dos réus disse ter sofrido

18/01/2012 10:44

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Marcela Oliveira

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Após Welton Roberto expor seus argumentos, a defesa dos réus José Alexandre dos Santos, Mendonça Medeiros da Silva, Alécio César Alves Vasco, Jadielson Barbosa da Silva e Talvane Albuquerque, no Caso Ceci Cunha deu seguimentos com mais três advogados.

Roberto Pontes questionou o depoimento da primeira testemunha, Claudinete Santos Maranhão, que estava na casa da Gruta no momento da chacina e, em juízo, reconheceu Jadielson como um dos executores. Pontes leu um trecho do depoimento dela onde diz que o olhou nos olhos de Jadielson.

“Como trocou olhares com ele e não foi abatida? Como pode não ter visto essa cicatriz no rosto dele? Afirmaram que Zé Piaba tinha cabelo encaracolado. Está aqui ele, que nunca teve cabelo encaracolado’’.

Quanto à argumentação de que a cicatriz não foi vista porque ele estava barbado, a defesa afirma que ele nunca andou barbado. ‘’Só afirmou isso depois que viu a foto na imprensa”.

O segundo advogado, Leonardo Afonso, seguindo a mesma linha continuou afirmando que o depoimento da sobrevivente está cheio de contrariedades. Ele mostra o trecho da entrevista, recente, de Claudinete ao Fantástico quando ela afirma que no dia do crime ouviu um dos executores afirmar ‘’a deputada não é esta’’. “Ceci era conhecida na cidade de Arapiraca, se fosse Jadielson ou algum outro, não reconheceria a deputada? Jadielson era assessor de Talvane e a encontrava em certos lugares públicos, diz ele apontando o depoimento da irmã de Ceci como contraditório.

No final, o advogado exibiu uma reportagem da morte do policial Alfredinho, onde a promotora Marluce Falcão disse que a morte dele poderia estar ligada a guerra de policiais envolvidos em crime de mando ‘’como ocorreu no Caso Ceci’’, declarou ela.

Ele finaliza sua parte afirmando que “o que estão buscando aqui é vingança, não justiça. Uma condenação a essa altura é prisão perpétua. Ponderem todos os dados que foram colocados aqui”, apela ele aos jurados.

Tortura volta a ser citada

O outro advogado dos réus, Roberto Heck, fala sobre a tortura que José Alexandre disse ter sofrido para confessar o crime. “A tortura foi referendada pela acusação. Quando alguém é submetido a tortura ele confessa que matou a mãe!”.

O procurador Rodrigo Tenório rebateu. “Tortura que aqui existe é inventada pela defesa. Fica nesse fantástico mundo da defesa. Por que ninguém foi representado? Representem a mim! Vem com essa gritaria emocional querendo desviar a atenção para o que está nos autos”.

Roberto Heck afirmou que “irresponsável é a acusação. Não há necessidade da vítima representar contra o agressor. Alguém deixou de fazer. Tocamos na ferida e eles estão incomodados. Já passei da idade de fazer fantasia”.

Ele ainda questionou os dados das ligações telefônicas e movimentações dos acusados em Maceió apresentadas pela acusação. “Nenhum deles praticou o delito. O que a acusação fez foi uma montagem. Essas estações telefônicas não existiam em 1998”. A acusação quis se pronunciar, mas teve o pedido indeferido. 

Heck ainda tentou expor para os jurados que as divergências entre Talvane Albuquerque e Ceci Cunha existiam apenas no campo político. 

 

Primeira Edição © 2011