Acusação volta apresentar provas que acusam os réus no assassinato de Ceci Cunha

Promotores do MPF apresentam dados que ligam acusados a "Chacina da Gruta"

18/01/2012 14:42

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Fran Ribeiro

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O plenário do Auditório Ministro Pedro Acioli, no Fórum de Justiça Federal, está cheio. Familiares das vítimas, dos acusados, visitantes e a imprensa, alguns profissionais de outros estados, aguardam ansiosamente o desenrolar desses três dias do emblemático julgamento.

Em duas horas do tempo cedido para a réplica da acusação, o advogado José Fragoso Cavalcanti e o promotor da república Rodrigo Tenório voltaram a reforçar as provas substanciais apresentadas pela promotoria que incriminam os cinco réus acusados de participação na “Chacina da Gruta”, ocorrida na noite do dia 16 de dezembro de 1998.

Depois de cinco horas de debate, na tarde desta quarta-feira (18), de acordo com o acordo feito para o julgamento, o juiz André Tobias Granja concedeu mais duas horas para as partes apresentarem novos argumentos. A acusação voltou a focar nos pontos que a defesa dos réus tentou desacreditar perante o júri, composto por sete homens.

Foram reapresentados o extrato das contas telefônicas dos réus, que mostram que todos se falaram durante o dia do crime e a animação elaborada pelo Ministério Público, que mostrava o rastreamento das ligações e o trajeto feito por Ceci Cunha no dia 16 e dos dois veículos que seguiram os passos da deputada naquele dia. Desde o momento que ela estava no Fórum Estadual para a sua diplomação, até por as 18h44, quando as torre telefônica da Ceal registra a última ligação entre Mendonça Medeiros que estava em um Santana e o Fiat Uno, onde estavam Alécio, Jadielson e Zé Piaba. Depois disso, é registrada uma nova ligação às 20h15, essa já próxima do local onde o Fiat foi encontrado no dia 17 de dezembro de 1998, completamente carbonizado nas terras de uma usina no município do Pilar.

Além desse forte indício, a promotoria reapresentou detalhes do depoimento de Maurício Guedes, o Chapéu de Couro, e a disparidade dos depoimentos feitos por Valmir, testemunha da defesa que em momentos diferentes, um deles relatado um dia após o crime, que deu declarações contraditórias sobre a presença ou não de Chapéu de Couro dentro do Fiat Uno.

Rodrigo Tenório voltou a apresentar dados que dão veracidade aos depoimentos prestados pela sobrevivente do massacre, Claudinete Maranhão, que confirmou a identidade de Jadielson como sendo o autor do disparo de calibre 12 que matou Ceci. Nova argumentação também foi dada sobre os supostos abusos sexuais e tortura que dois dos acusados alegaram ter sofrido por parte de policiais federais. Laudos médicos que afirmaram que Mendonça Medeiros e José Alexandre, o Zé Piaba, não sofreram abusos sexuais, como relatados pelos referidos réus sob juízo. A promotoria apresentou ainda um vídeo de uma reportagem feita em Marabá (PA) onde Mendonça foi preso, e que o mesmo relata à repórter não ter sofrido nenhum tipo de agressão.

Agora a defesa terá o mesmo tempo de duas horas para apresentar novos argumentos ou questionar os novos dados apresentados pela acusação. A previsão é que a sentença para os acusados de assassinar a deputada Ceci Cunha, seu marido, Juvenal e mais dois familiares, Iran e Ítala, só saia no final da noite desta quarta-feira (18), depois de 13 anos de espera.
 

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