A partir de depoimentos, gravações e laudos técnicos, acusação expõe contradições ditas por réus

Procurador do MPF exibe vídeo onde Chapéu de Couro conta que pagamento por mortes foi no valor de R$ 200 mil

18/01/2012 07:54

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Marcela Oliveira

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O último dia do julgamento do Caso Ceci Cunha foi reservado para debates entre a defesa e acusação. O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo Tenório, conta como iniciou a trama da morte da deputada federal Ceci Cunha.

Ele começa enfatizando o papel do MPF e mostra o resultado das eleições de 1998, onde Ceci Cunha foi eleita deputada federal com 54.968 votos, enquanto Talvane ficou na primeira suplência com 24.609 votos.

Relata que, inicialmente, o plano era matar Augusto Farias ou Albérico Cordeiro. Mas, segundo Tenório, a preferência seria por Farias, já que, caso morresse a suspeita cairia sobre a máfia do caso de Paulo César Farias, irmão de Augusto morto em 1996.

O procurador mostra gravação feita em um hotel em São Paulo onde o pistoleiro Mauricio Guedes, o Chapéu de Couro, revela, o teor da conversa com Talvane Albuquerque e que recebera R$ 200 mil pelo serviço, pois segundo ele, Talvane estava disposto a gastar muito dinheiro.

“Isso basta para mover toda a máquina estatal? O MPF não trabalha assim, baseado só no que ouviu falar. Atua de acordo com as provas que consegue produzir”, enfatiza o procurador, que em seguida leu trecho de uma conversa telefônica entre Talvane e Chapéu de Couro e afirmando que a fita não foi adulterada, como alega a defesa do réu. “Essa conversa não foi cortada quem disse foi o perito Ricardo Molina, da Unicamp, instituição reconhecida. Senhor Molina tava na conspiração também pra acusar o Talvane?”

Tenório prossegue lendo trechos do depoimento de Albuquerque e do outro réu Jadielson Barbosa na Câmara de Deputados, onde confirmou que comprou dois coletes a prova de bala para pessoas que não conhecia. “Ele conhecia sim. Como vai comprar um colete para alguém que não conhece, que não sabe o tamanho?”, questiona a acusação.

Quanto à declaração do réu José Alexandre de que foi torturado, Rodrigo Tenório afirma que o depoimento se deu na presença do advogado dele. “O advogado dele estava lá, então ele não falaria nada, deixaria passar?’’, diz a acusação acrescentado que em seu primeiro depoimento em juízo ele não citou que foi torturado, falou apenas em pressão. “Treze anos é tempo suficiente para inventar uma história. Por que não representou nenhum desses caras que o torturou?A história da mandioca é pra comover. Não houve tortura’’, assegura ele.

Dá seguimento expondo contradições nos depoimentos dos réus, como por exemplo, a declaração de Talvane que afirmou estar em Alagoas desde o início do mês. Acusação mostra que ele tirou algumas licenças da Câmara, entre elas, no dia 15 de dezembro.

Com extrato da conta telefônica de José Alexandre, demonstra as ligações feitas para o telefone de Talvane em Brasília, inclusive ligações realizadas um pouco antes e logo depois da chacina feitas em locais próximos ao local da chacina, ocorrida no bairro da Gruta de Lourdes. Antes, Rodrigo Tenório mostrou o trajeto feito por Ceci no dia do crime e afirmou que ela estava sendo seguida.

Familiares deixaram o auditório no momento em que acusação mostrou fotos do crime.

“Esse Estado não pode ficar mais nas mãos de pistoleiro. É muito difícil provas contra autores intelectuais. Esse júri tem provas suficientes para acabar de uma vez por todas com a impunidade. A defesa vai trazer reportagem! O MP confia na racionalidade desse júri e pede que condene o réu pelos quatro homicídios cometidos”, conclui o procurador dirigindo-se para os jurados. 

Após Rodrigo Tenório, o advogado José Fragoso deu continuidade aos argumentos da acusação. 


 

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