Talvane começa a ser interrogado; Depoimento já dura uma hora

Principal articulador da morte de Ceci começa a ser interrogado

17/01/2012 13:30

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Fran Ribeiro

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Lá fora a temperatura é de 30° C. Calor em Maceió. Dentro do Fórum de Justiça Federal do bairro da Serraria, o frio do ar condicionado do Auditório Ministro Pedro Acioli ameniza o clima de tensão quando o juiz André Tobias Granja solicita que o réu e principal articulador da “Chacina da Gruta”, o ex-deputado Talvane Albuquerque fosse conduzido para ser interrogado.

Logo após confirmar seus dados pessoais ao juiz, o réu inicia uma síntese de seu histórico de vida, desde a infância onde ajudava seus pais nas tarefas da fazenda de sua avó, até os seus 14 anos, quando saiu de Arapiraca e veio para Maceió, onde ficou até terminar a faculdade de Medicina, cursada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Começou a vida política em 1983 em Portugal, Partido Revolucionário do Proletariado, que fazia as suas ações de forma clandestina, na cidade de Lisboa. Voltou para Alagoas, quando em 1989 começou a fazer política em Arapiraca. Em 1994, foi eleito pela primeira vez à Câmara Federal, como o mais bem votado com 71 mil votos. Neste mesmo ano, a também médica Ceci Cunha foi eleita como deputada federal.

Hoje, Talvane tem dois hospitais em Arapiraca, controlados pela família Albuquerque. Segundo o réu, o seu último plantão em Paulo Afonso aconteceu no dia da exibição da reportagem do Fantástico, da Rede Globo. Após isso, fora demitido pelo hospital da Chesf.

Na segunda parte do interrogatório, o juiz apresenta o depoimento que Talvane prestou ao juiz Paulo Fernando Bezerra no dia 24 de maio de 1999, na presença de dois advogados. Segundo o réu, como ele já havia sido cassado pelo crime, seus advogados o orientaram a não responder nenhuma das 49 perguntas feitas pelo juiz. Em novo depoimento, dessa vez no dia 24 setembro 1999 ao juiz Antonio Acioli, Talvane falou em juízo. No teor desse relato, o acusado confirmou que no dia 16 de dezembro de 1998 estava em sua residência, em Arapiraca. Confirmou ainda que conhecia Ceci e que o Soldado Farias era conhecido no município por cometer crimes de mando.

O réu confirmou ao juiz que conhecia Maurício Guedes, o Chapéu de Couro. Ele era filho de uma grande amiga de Talvane, que segundo o réu tinha uma relação médica e política com a família de Guedes. Maurício Guedes foi acusado por Talvane pelo assassinato de Ceci Cunha. Em parte do depoimento, o ex-deputado declarou que Chapéu de Couro o procurou para tratar sobre assuntos que envolviam a morte da deputada.

Talvane afirmou que ocorreu um encontro entre ele, Chapéu de Couro e um amigo do pistoleiro, conhecido como “Mamoso” em um posto de gasolina na cidade baiana de Juazeiro, onde conversaram sobre as desavenças do pistoleiro com inimizades, entre eles, com o ex-governador Divaldo Suruagy. O ex-deputado disse ainda que neste encontro estavam Alécio, Jadielson e Mendonça Medeiros, mas que os três não presenciaram o teor da conversa entre ele e Chapéu de Couro.

O depoimento do principal articulador da morte de Ceci Cunha de mais três de seus familiares já dura quase uma hora.

Mais detalhes sobre o depoimento em instantes.
 

Primeira Edição © 2011