Relação entre Talvane e Chapéu de Couro toma parte do interrogatório

O juiz interroga o acusado na morte de Ceci Cunha a mais de duas horas

17/01/2012 15:02

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Fran Ribeiro

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Em grande parte do interrogatório feito pelo Juiz André Granja, o magistrado se atentou em detalhes da relação de Talvane Albuquerque com o pistoleiro conhecido como Chapéu de Couro. Em uma das provas apresentadas estava uma gravação em áudio onde o ex-deputado conversa com o criminoso sobre a articulação de homens para matar o deputado federal Augusto Farias. Em vários momentos, Chapéu de Couro fala em “litros de mel” ao se referir possíveis autores materiais que seriam contratados para cometer o crime.

“Não fui eu que falei em litros de mel. Não fui eu que atendi a ligação, me passaram o telefone”, declarou o réu. Em seguida o juiz emenda: “Mas, sabendo da periculosidade dele, um pistoleiro, que propôs um plano para assassinar um deputado federal [Augusto Farias] por que o senhor não retrucou?”, indagou o juiz. “Porque ele misturava assuntos de assassinato com segurança. Logo depois coloquei ele para rodar”, respondeu Talvane, dizendo ainda que depois da ligação nunca mais atendeu os chamados de Chapéu de Couro. Ainda ao responder os questionamentos de Granja, Albuquerque disse que no encontro que teve com o pistoleiro no posto Frei Damião em Juazeiro (BA), repeliu a idéia de assassinar Farias.

Segundo Talvane, Maurício Guedes, o Chapéu de Couro teria sido orientado por Antonio Lenine, inimizade que o ex-deputado possuía em Arapiraca. “Creio que o Chapéu de Couro fez as declarações a mando do Lenine”, disse o réu quando o juiz leu parte de um depoimento prestado por Chapéu de Couro, que se o encontro em Juazeiro teria sido marcado por Talvane e que ele queria contratar os serviços do pistoleiro para eliminar dois deputados federais: Albérico Cordeiro e Augusto César Farias. No depoimento lido, Chapéu de Couro declarou que o ex-deputado chegou em uma Ranger preta junto com Alécio, Jadielson e Mendonça Medeiros. Segundo o pistoleiro, Talvane teria dito “a minha vida está em suas mãos”, ao se referir que precisava dele para que matasse os deputados. No depoimento, Chapéu de Couro teria questionado sobre a sua imunidade, já que ele era analfabeto e não tinha o dinheiro que Talvane possuía. O ex-deputado teria dito que “imunidade é o poder”.

O interrogatório feito pelo juiz prossegue. Talvane ainda será interrogado pela acusação, composta por promotores do Ministério Público Federal e da assistência do advogado José Fragoso, contratado pela família Cunha, e pela defesa. Os réus, Jadielson Barbosa, José Alexandre, o Zé Piaba, Alécio Alves e Mendonça Medeiros acompanham o interrogatório. 
 

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