EUA negam envolvimento em ataque que matou cientista iraniano

Casa Branca condena 'ato de violência'; Mostafa Ahmadi Roshan é o quarto cientista iraniano morto em ataque nos últimos dois anos

12/01/2012 06:00

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Os Estados Unidos condenaram nesta quarta-feira o ataque que matou um cientista nuclear iraniano no norte de Teerã e negaram qualquer envolvimento do país no incidente. "Os EUA não tiveram absolutamente nada a ver com isso", afirmou o porta-voz da Casa Branca Tommy Vietor.

"Nós condenamos fortemente todos os atos de violência, incluindo atos como o que está sendo relatado", afirmou. A secretária do Departamento de Estado Hillary Clinton negou "categoricamente" as acusações.

"Nós acreditamos que deva ter uma compreensão entre o Irã, seus vizinhos e a comunidade internacional para encontrar uma maneira de colocar um fim a esse comportamento provocativo; colocar um fim ao trabalho pelas armas nucleares e que haja um esforço para um retorno à comunidade internacional como um membro produtivo."

O cientista, identificado como Mostafa Ahmadi Roshan, trabalhava na usina de enriquecimento de urânio de Natanz. De acordo com a mídia iraniana, os agressores se aproximaram do carro onde ele estava e acoplaram uma bomba à lataria usando um imã. Outras duas pessoas estavam no veículo e foram levadas ao hospital. Segundo a agência AP, uma delas morreu. Um pedestre de 85 anos que passava perto do veículo teria ficado ferido.

Roshan, 32 anos, era químico e trabalhava no desenvolvimento de camadas poliméricas para a separação de gases. Ele também atuava como vice-diretor para assuntos comerciais da usina de Natanz, a mais importante do Irã.

Washington e seus aliados suspeitam que Teerã desenvolve secretamente armas nucleares, mas o Irã insiste que seu programa nuclear é pacífico. A tensão aumentou quando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou um relatório que afirma, pela primeira vez, que o país trabalha para obter armamento nuclear.

A Organização de Energia Atômica do Irã descreveu o ataque como "um ato hediondo". O vice-presidente iraniano, Mohammad Reza Rahimi, disse à TV estatal que agentes israelenses estariam por trás do ataque à bomba, mas que isso não iria impedir o "progresso" do programa nuclear do país.

Uma autoridade israelense ouvida pela BBC descreveu o ataque como uma "vingança", mas disse que não sabia quem o havia realizado. "Eu não sei quem se vingou do cientista iraniano, mas eu definitivamente não estou derramando uma lágrima", disse o porta-voz militar Yoav Mordechai em sua página oficial no Facebook.

Levantando ainda mais suspeitas, um dia antes do ataque, o general Benny Gantz, chefe do Exército israelense, teria dito ao painel do Parlamento que 2012 seria um ano "crítico" para o Irã - em parte por conta de "coisas que acontecem ao país de maneira não natural".

No passado, o Irã acusou as agências de espionagem de Israel, EUA e Reino Unido de participarem de uma campanha terrorista contra alvos nucleares, que incluiria três assassinatos desde 2010.

Além disso, os países estariam por trás de um vírus de computador conhecido como Stuxnet, que em 2010 atrapalhou o funcionamento de algumas centrífugas em instalações iranianas.

Uma explosão similar há dois anos, no dia 12 de janeiro de 2010, matou o físico e professor Masoud Ali Mohammadi, da Universidade de Teerã. Ele morreu na explosão de uma moto que estava perto de seu carro, quando se preparava para ir ao trabalho. De acordo com a agência de notícias semi-oficial Mehr, Roshan planejava participar de uma cerimônia em homenagem a Mohammadi na tarde desta quarta-feira.

Em novembro de 2010, um ataque a bomba matou o cientista nuclear Majid Shahriari, que era colaborador da Organização de Energia Atômica do Irã. E em julho de 2011, atiradores que estavam em uma moto mataram Darioush Rezaeinejad, um estudante de Eletrônica suspeito de participar de supostas tentativas iranianas de desenvolver armas nucleares.

Primeira Edição © 2011