Jornalista é morto em explosão na Síria

11/01/2012 14:36

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Folha Online

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Um jornalista francês foi morto nesta quarta-feira em uma explosão na cidade de Homs, na região central da Síria. O repórter Gilles Jacquier, do canal estatal France 2, foi o primeiro profissional de comunicação ocidental a perder a vida na Síria durante os protestos entre a oposição e o regime do ditador Bashar al Assad.

Ele estava em um grupo de jornalistas que visitavam um hospital na companhia de uma freira libanesa. Ao sair do hospital, os repórteres encontraram manifestantes favoráveis ao governo sírio quando foram atingidos por um tiro de um obus -- artefato similar a uma granada.

De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, seis civis sírios morreram além do jornalista. Outras pessoas, em número ainda não determinado, teriam ficado feridas. Dentre eles está um repórter belga ferido no olho.

CORRESPONDENTE DE GUERRA

O canal France 2 confirmou a morte do jornalista, que trabalhava na emissora desde 1999. Especialista em cobertura de guerras, esteve em conflitos em Kosovo, Iraque, Afeganistão e Oriente Médio. O France 2 ainda confirmou que o cinegrafista Christophe Kenck, que acompanhava Jacquier, está ferido.

O ministro de Relações Exteriores francês, Alan Juppé, pediu o esclarecimento das circunstâncias da morte do repórter e condenou o ataque, considerando-o "um ato odioso". O chanceler ainda exigiu do governo sírio a "garantia da segurança de todos os jornalistas internacionais para a garantia da liberdade à informação".

Os Estados Unidos também condenaram a ação. A porta-voz do departamento de Estado americano, Victoria Nuland, classificou a morte como "deplorável" e afirmou que o regime sírio "é incapaz de fornecer um ambiente favorável de trabalho para os jornalistas".

O dirigente opositor Omar Edelbe acusou o regime de Bashar al Assad por ter ordenado o ataque ao grupo. Em entrevista à agência espanhola Efe, o membro do Conselho Nacional Sírio e do Comitê de Coordenação Local chamou a ação de "ambígua". Ele também explicou que o bairro onde aconteceu a explosão são leais ao governo e são bem protegidos pelo Exército e por milícias aliadas.

ISOLAMENTO

A viagem do grupo de profissionais de comunicação à Síria foi autorizada pelo governo, que limita os deslocamentos dos repórteres estrangeiros no país.

Desde o início dos confrontos entre governo e oposição, o regime de Bashar al Assad limitou os vistos para os jornalistas. As informações sobre o que ocorre no país são, em sua grande maioria, passadas por fontes do governo e organizações que representam os manifestantes.


 

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