Cícero Ferro nega plano para matar deputados e diz ser vítima de perseguição

Ele chama policial federal de mentiroso e diz que há outros interesses. "Se a polícia mostrar as provas eu renuncio à suplência"

05/01/2012 09:52

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Marcela Oliveira

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“Está virando brincadeira”, foi como o deputado estadual Cícero Ferro (PMN) se referiu às acusações de que ele teria contratado policiais militares de Pernambuco para assassinar os deputados Dudu Holanda (PSD) e Maurício Tavares (PTB) no revéillon.

Em entrevista coletiva à imprensa, ocorrida no final da manhã desta quinta-feira (05), Ferro se defendeu das acusações e disse ser alvo de perseguição. “Fui surpreendido com essa notícia e imediatamente procurei o Dudu. Sofro perseguição intensa em Alagoas devido às declarações que dou”, disse ele enfatizando que é amigo das famílias Tavares e Holanda há muitos anos e que tem uma boa convivência com todos os deputados. “Quem me conhece sabe que sou um homem de bem”.

Na coletiva, Ferro desafiou a polícia a apresentar as provas. “Eu não me conformo. Como é que a Polícia Federal de Pernambuco diz que [os supostos pistoleiros] estavam em dois carros, um preto e um branco, e não prendeu esse povo? Se a polícia mostrar as provas eu renuncio à suplência. Essa brincadeira tem que ter fim. O agente da Polícia Federal que disse isso é um mentiroso!”.

Ainda de acordo com ele, há interesses por trás dessas denúncias. “Já estou acostumado a isso. Pela 7ª vez o STJ [Superior Tribunal de Justiça] me concedeu habeas corpus. Toda vez é isso! Queriam que Dudu reassumisse o cargo e voltasse para que eles decretarem minha prisão. Existe um interesse”.

Quando questionado sobre quem teria interesse na prisão dele, ele responde vagamente. “Interessa a quem falei mal”, acrescentando que fez “declarações fortes contra desembargadores” e que “esses caras têm o poder”.

Antes da entrevista, Cícero Ferro reuniu-se com o presidente e vice-presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, Fernando Toledo e Antonio Albuquerque, respectivamente, e com o os deputados Dudu Holanda, Maurício Tavares – que chegou horas depois – e Marcelo Victor. Segundo ele, a Mesa vai procurar as polícias e pedir esclarecimentos. “Fernando Toledo vai procurar o governador para que chame a polícia e esclareça isso [...] As informações não batem”, afirma Cícero, que assumiu a vaga no lugar de Dudu Holanda após este tirar licença médica de 122 dias.

O suposto plano
Na noite do dia 30 de dezembro, o deputado Dudu Holanda recebeu uma ligação do delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, José Edson, informando que a delegada da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), Luíza Nogueira, precisava falar com ele. Pouco tempo depois, eles, e o irmão de Maurício Tavares que estava em Portugal, Raimundo Tavares, reuniram-se na sede da Deic, onde foram informados do suposto plano de assassinato.

Dudu Holanda confirmou, ontem, ao Primeira Edição que houve esse reunião e que foi informado de que a Polícia Federal de Pernambuco descobriu o plano articulado por Cícero Ferro.

Ferro, segundo informou a polícia a Holanda, teria contratado policias militares de Pernambuco para executar o plano. Eles estariam se dirigindo para Alagoas em dois carros, um Vectra preto e um Gol branco.

A Polícia Federal acionou então a PF de Alagoas, que por sua vez, alertou a Polícia Civil.

Ontem, Holanda informou ter tomado algumas precauções para reforçar sua segurança.

Hoje, na Assembleia, nem ele nem os demais deputados quiseram se pronunciar sobre o assunto.
 

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