Candidatos são muitos, mas duelo da sucessão será entre Rui e Lessa

Embate deverá confrontar grupos que disputaram 2º turno para o governo em 2010; violência será principal mote da campanha

02/01/2012 06:33

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Everson Vieira -Jornal Primeira Edição

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Um processo muito concorrido, como o da sucessão em Maceió neste ano de 2012, permite antecipar uma certeza – a de que a decisão inevitavelmente irá para o segundo turno – mas analistas políticos, avaliando o cenário que se desenha, já antecipam outra tendência: a polarização entre dois candidatos: Rui Palmeira, do PSDB, e Ronaldo Lessa, do PDT.

Os dois nomes, independentemente da força dos demais concorrentes, representam o confronto entre governo e oposição: Rui Palmeira terá o apoio do governador Teotonio Vilela, enquanto Ronaldo Lessa encarnará, mais do que qualquer outro, o projeto oposicionista, até por ter sido adversário direito de Vilela na sucessão estadual de 2010.

Dentre os nomes que estão se lançando, o do deputado João Lyra, do PSD, também deve ser considerado, sobretudo pela força de seu grupo e por sua influência no meio empresarial, mas os observadores avaliam que dificilmente ele teria potencial político para desbancar Ronaldo Lessa ou o representante governista.

A polarização entre Palmeira e Lessa se potencializa na medida em que, pela situação específica dos personagens envolvidos, a disputa tenderá e se transferir dos concorrentes em si para restabelecer novo confronto entre o governador reeleito em 2010 e seu adversário derrotado no segundo turno.

Tabuleiro
A decisão irá para o segundo turno devido à elevada quantidade de concorrentes, o que fragmentará o eleitorado maceioense, estimado em 450 mil votantes habilitados, número que deverá ser obtido ao final do processo de cadastramento biométrico.

Mas não se pode, já agora, prever como ocorrerão às composições e alianças entre os finalistas e os que serão derrotados no primeiro turno, salvo nas situações em que os envolvidos sejam governistas ou oposicionistas definidos.

Por exemplo: o deputado estadual Jéferson Morais, do DEM, terá um discurso de oposição ao prefeito Cícero Almeida, que se aliou a Téo Vilela em 2010, mas apoiará Rui Palmeira, caso ele próprio não consiga ir para o segundo turno.

O deputado federal João Lyra tem restrições tanto em relação e Teotonio Vilela quanto a Ronaldo Lessa, mas, olhando-se sua trajetória política nos últimos nove anos, pode-se admitir que, não indo para o turno final, ele tenderá a ficar com Lessa.

O deputado federal Givaldo Carimbão, do PSB, pré-candidato até por exigência da direção nacional de seu partido, fará aliança com Rui Palmeira, ao passo que a deputada federal Rosinha da Adefal, do PT do B, marcharia ao lado de Ronaldo Lessa.
Não há nada definido, mas, considerando o perfil e a situação pessoal dos personagens, essa seria a tendência mais provável, salvo mudanças incidentais de percurso.

Ainda faltam muitas definições

O tabuleiro, entretanto, está incompleto: não se sabe ainda quem será o candidato do prefeito Cícero Almeida, do PP, (pessoalmente, ele defende o nome do secretário de InfraEstrutura, Mosart Amaral) nem do senador Renan Calheiros, do PMDB, que só vai se pronunciar sobre o assunto depois do carnaval.

O PT, insignificante em Alagoas, mas poderoso no plano nacional por deter o governo central, ainda vai decidir se lança candidato próprio (seria o ex-deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, ou o atual deputado Judson Cabral), enquanto o PTB, do senador Fernando Collor, permanece indefinido (há quem avalie que o próprio Collor se lançará candidato).

O PSOL, da vereadora Heloísa Helena, já decidiu que disputará a prefeitura com Alexandre Fleming (presidente do Diretório Municipal), ao passo que o PR continua discutindo a conveniência de lançar seu presidente regional, o deputado federal Maurício Quintella, ou a vice-prefeita Lourdinha Lyra.

Por fim, uma incógnita: eleito com votação surpreendente em 2010, o senador Benedito de Lira, presidente estadual do PP, será ou não candidato? Se for, o grupo palaciano estará dividido em três partes: Teotonio com Rui Palmeira, Thomaz Nonô com Jéferson Morais, e Biu de Lira com ele próprio.

Violência será mote de campanha

Maceió é uma cidade cheia de problemas que vão desde a falta de saneamento básico na maioria dos bairros à má iluminação de suas ruas, passando por um trânsito caótico fadado a entrar em colapso nos próximos cinco ou dez anos.

Mas, na campanha eleitoral deste ano – e mesmo se tratando de um pleito municipal – o principal mote a ser explorado pela oposição será a escalada da violência no Estado, com reflexos mais fortes na capital onde a taxa de homicídios aparece no topo do ranking nacional em pesquisas oficiais.

O discurso do governo é previsível: está investindo, em homens, armas e viaturas, implantando bases de Polícia Comunitária, acionando Ronda Cidadã, contratando mais PMs e abrindo concurso para reforçar os efetivos da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Técnica.

Os candidatos da situação argumentarão que o governador Teotonio Vilela assumiu o estado já dominado pela criminalidade e que – como avaliam vozes insuspeitas como o presidente da OAB/AL Omar Coelho – a violência é hoje um problema nacional que exige um plano nacional de segurança pública.

A oposição atacará a ausência de um projeto de segurança para o estado, a falta de firmeza do governo nessa área e, sobretudo, a falta de policiamento nas ruas da capital, não deixando de lado os sucessivos casos de execução de moradores de rua de Maceió.
 

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