Dia Nacional da Adoção

Uma história de amor na minha família.

25/05/2020 01:30

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Hugo Taques

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Neste ano o 25 de maio  terá um significado muito especial em nossas vidas, hoje comemora o Dia Nacional da Adoção, e esta história tem a ver com um lindo ato de amor da minha primogênita e do meu genro lá atrás quando,  mesmo antes de se casarem, ao achar que estavam prontos para serem pais,  resolveram dar entrada num processo de habilitação como pretendentes à adoção.  De lá pra cá foram 6 anos na fila de espera, até que finalmente poucos dias antes do Dia das Mães receberam uma ligação da Justiça avisando que tinha chegado a hora, haviam dois recém nascidos com 6 meses de idade  prontos para ganharem um novo e definitivo lar, as mães dos mesmos já tinham cumprido todos os processos, incluindo a definitiva renuncia ao pátrio poder;  o plano do casal  era de acolher apenas um,  pois nesse lapso temporal a família já tinha aumentado com dois lindos e maravilhosos filhos biológicos, Lucca de 3 anos e Pietra de 6 meses, meus adoráveis netinhos. Nos dias seguintes à  ligação da juíza informando sobre a adoção, o casal passou por momentos difíceis, sofreram sabendo que teriam que fazer  escolha de um em detrimento do outro, mas quando chegaram ao abrigo para buscá-lo, foi o Pedro que estava esperando por eles nos braços do agente, sem que fossem consultados, aliviando assim esse passo doloroso na tomada de decisão de “com quem ficar”.  Foi amor a primeira vista, os olhos dos pais brilharam, seus corações dispararam e o Pedro Henrique abriu um enorme sorriso quando foi abraçado pelo (novo) pai.  Era ele o novo membro da família.

Com o processo de adoção em curso, Lécia  engravidou e veio o Lucca, seu primeiro filho,  não cancelaram, continuaram na fila e ainda renovaram o interesse por mais 5 anos. No dia 28 de outubro do ano passado, nasceu a segunda filha, a Pietra. Cheios de fé, esperança  e com o firme propósito de realizarem  uma  adoção não tiveram que esperar muito tempo. Um dia depois, 29 de outubro, após o nascimento da Pietra nascia em outro lugar um menino lindo, cheio de vida, chamado Pedro Henrique, que foi entregue a um abrigo e ali aguardou seis   longos meses  para, com todo amor, vir fazer parte da nossa família.  Ele e Pietra são (espiritualmente) gêmeos, com apenas horas de diferença de nascimento.  O nome, Pedro, que significa “pedra” ( de origem grega), é masculino de Pietra, que tem o mesmo significado e origem; e, segundo minha filha, a roupa que ele vestia quando foram conhecê-lo no abrigo, era de um mesmo modelo  que a Pietra tinha e adorava vestir. Não são coincidências, mas fortes motivos para  crermos em encontros (ou reencontros) de almas.

Como pai encho -me  de orgulho e admiração por minha filha e pelo meu genro  pela grandeza de espirito, por tamanho gesto de humanidade em amparar, trazer para o seio da família um Ser indefeso e desamparado, dando a ele uma nova perspectiva de futuro.  É Divino!     Como avô,  agora de 4 netos, Ágatha, 12;  Lucca, 03, Pietra e Pedro de 6 meses,  o coração transborda de felicidade, de emoção e de alegria, com a  certeza de que continuaremos existindo neles.     

No Brasil, estatísticas do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) e do Conselho Nacional de Justiça  mostra que hoje existem apenas 5.060 crianças disponíveis para adoção, dentro de um universo de 33.900 que vivem em 4.295 abrigos. Outras 2.705 já estão em aproximação com famílias adotivas, o que significa que 26.116 ainda vivem em um limbo jurídico – nem estão disponíveis para adoção e nem voltaram ainda para suas famílias biológicas.

Acho que estão  querendo concorrer comigo(rs!) que já  tenho quatro filhos. Eles dois, não cancelaram  o processo de adoção, mesmo com os 3 filhos,   continuam na fila a espera de mais um,  só  que agora  o próximo terá que ter  7 anos acima. Um lindo exemplo a seguir, mais um aprendizado que podemos tirar desses tempos difíceis de pandemia, que apesar de tudo, das incertezas, do medo,  o amor continua fluindo e está mais vivo do que nunca. Adotar  é gerar um filho no coração e dar luz a um futuro.

Estamos mais completos e unidos com a chegada do lindo e sorridente, Pedro Henrique e com ele nossa felicidade de ter gêmeos na família, mesmo que espiritualmente e de coração.  O meu peito tá apertado, ainda não conheço os dois pessoalmente, moram em Cuiabá-MT e eu aqui em Maceió-AL. Estava tudo programado para uma viagem e veio essa pandemia. Agora é esperar e controlar a ansiedade fazendo vídeos chamadas diariamente.

Na foto a familia, Fadu, Lécia e  os três filhos. Lucca, Pietra e Pedro Henrique.

Primeira Edição © 2011